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Capítulo 17: A cela do abade

Página 141

Mas assim que ele virou costas, assim que o ruído dos seus passos desapareceu na galeria, Dantès, devorado pela inquietação, retomou, sem pensar em comer, o caminho que acabara de percorrer e, levantando a laje com a cabeça voltou a entrar na cela do abade.

Este recuperara os sentidos, mas continuava estendido, inerte e sem forças, na cama.

- Já não esperava tornar a vê-lo - disse a Dantès.

- Porquê? - perguntou o rapaz. - Contava morrer?

- Não, mas como está tudo pronto para a fuga contava que fugisse.

O rubor da indignação coloriu as faces de Dantès.

- Sem o senhor?! gritou. - Julgou-me realmente capaz disso?

- Agora verifico que me enganei - declarou o doente. - Ah, estou muito fraco, muito quebrado, completamente exausto!

- Coragem, as suas forças voltarão - animou-o Dantès, sentando-se junto da cama de Faria e pegando-lhe nas mãos. O abade abanou a cabeça.

- Da última vez - disse - o ataque durou meia hora e depois dele tive fome e levantei-me sozinho. Hoje, não consigo mexer a perna nem o braço e tenho a cabeça nublada, o que prova um derramamento cerebral. À terceira vez ficarei inteiramente paralítico ou morrerei acto contínuo.

- Não, não, sossegue que não morrerá. Esse terceiro ataque, se o tiver, encontrá-lo-á livre. Salvá-lo-emos como desta vez, e melhor do que desta vez, pois teremos todos os meios necessários para isso.

- Meu amigo - redarguiu o velho -, não se iluda. A crise que acaba de me atacar condenou-me a prisão perpétua: para fugir é necessário poder andar.

- Pois bem, esperaremos oito dias, um mês, dois meses se for preciso. Entretanto, as suas forças voltarão. Está tudo preparado para a nossa fuga e temos a liberdade de poder escolher a hora e o momento. No dia em que se sentir com forças suficientes para nadar, nesse dia poremos o nosso projecto em prática.

- Nunca mais nadarei - redarguiu Faria. - Este braço está paralisado, não por um dia, mas sim para sempre. Levante-o você mesmo e veja o que pesa.

O rapaz levantou o braço, que voltou a cair, insensível, e soltou um suspiro.

- Está agora convencido, não é verdade, Edmond? - perguntou Faria. - Acredite que sei o que digo. Desde o meu primeiro ataque deste mal que não tenho deixado de reflectir. Esperava-o pois trata-se de uma herança de família: o meu pai morreu à terceira crise e o meu avô também. O médico que me preparou este licor, nem mais nem menos do que o famoso Cabanis, predisse-me o mesmo destino.

- O médico enganou-se! - contrapôs Dantès. - Quanto à sua paralisia, não me preocupa: pô-lo-ei às costas e nadarei segurando-o.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 141

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069