Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 19: O terceiro ataque

Página 156
De resto, este já tranquilo, meu amigo, a masmorra que vou deixar não ficará muito tempo vazia; outro desgraçado virá ocupar o meu lugar. A esse aparecerá como um anjo salvador. Talvez seja jovem, forte e paciente como você e possa ajudá-lo na fuga, ao passo que eu lha dificultaria. Deixará de ter um meio cadáver agarrado a si e a paralisar-lhe todos os movimentos. Decididamente, Deus faz enfim qualquer coisa por si: dá-lhe mais do que lhe tira e já é tempo de eu morrer.

Edmond pôde apenas juntar as mãos e gritar:

- Oh, meu amigo, meu amigo, cala-se!

Depois, recuperando a energia por um instante abalada por aquele golpe imprevisto e a coragem abatida pelas palavras do velho, disse:

- Oh, se já o salvei uma vez, também o salvarei segunda! E levantou o pé da cama, donde tirou o frasco ainda um terço cheio de licor vermelho.

- Veja, ainda resta alguma desta beberagem salvadora. Depressa, depressa, diga-me o que devo fazer desta vez. Há novas instruções? Fale meu amigo, escuto-o.

- Já não há esperança - respondeu Faria abanando a cabeça. - Mas não importa, Deus quer que o homem que criou no coração do qual enraizou tão profundamente o amor à vida faça tudo o que puder para conservar essa existência às vezes tão penosa e tão querida sempre.

- Claro, claro! - exclamou Dantès. - E salvá-lo-ei, garanto-lhe!

- Pois sim, experimente. O frio apodera-se de mim. Sinto o sangue afluir-me ao cérebro. Este terrível tremor que me faz bater os dentes e parece desconjuntar-me os ossos começa a sacudir-me todo o corpo. Dentro de cinco minutos o mal manifestar-se-á e dentro de um quarto de hora só restará de mim um cadáver.

- Oh! - exclamou Dantès, com o coração pungido de dor.

- Proceda como da primeira vez, só com a diferença de que não esperará tanto tempo. Todas as fontes da vida se encontram já secas e a morte - continuou mostrando o braço e a perna paralisados - terá de se encarregar apenas de metade da sua tarefa. Se depois de me deitar doze gotas na boca, em vez de dez, vir que não volto a mim, deite o resto. Agora leve-me para a cama, porque já não consigo estar de pé.

Edmond tomou o velho nos braços e deitou-o na cama.

- Agora, amigo, única consolação da minha vida miserável - disse Faria -, você que o Céu me deu um pouco tarde, mas enfim que me deu, presente inestimável que lhe agradeço, no momento de nos separarmos para sempre desejo-lhe toda a felicidade, toda a prosperidade que merece. Meu filho, abençou-o!

O rapaz ajoelhou e encostou a cabeça à cama do velho.

- Mas sobretudo, ouça bem o que lhe digo neste momento supremo: o tesouro dos Spadas existe. Deus permite-me que não haja mais para mim distância nem obstáculo.

<< Página Anterior

pág. 156 (Capítulo 19)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 156

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069