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Capítulo 20: O cemitério do Castelo de If

Página 165

Os carregadores deram uma vintena de passos e por fim pararam e depositaram a padiola no chão.

Um deles afastou-se e Dantès ouviu-lhe os sapatos ecoarem nas lajes.

«Onde estarei?», interrogou-se.

- Sabes que não é nada leve? - declarou o que ficara ao pé de Dantès, sentando-se na beira da padiola.

O primeiro impulso de Dantès fora fugir; felizmente, contivera-se.

- Alumia-me, animal - ordenou o carregador que se afastara -, ou nunca mais encontro o que procuro.

O homem da lanterna obedeceu à ordem, embora, como vimos, tivesse sido feita em termos pouco convenientes.

«Que procurará ele?», perguntou-se Dantès. «Uma enxada, decerto.»

Uma exclamação de satisfação indicou que o coveiro encontrara o que procurava.

- Até que enfim - observou o outro. - Levou tempo.

- Pois levou - respondeu o primeiro -, mas não perdeu demora.

Após estas palavras, aproximou-se de Edmond, que ouviu pousar perto de si um corpo pesado e ressoante. Ao mesmo tempo, uma corda rodeou-lhe os pés com viva e dolorosa pressão.

- Então, o nó está dado? - perguntou o coveiro que permanecera inactivo.

- E bem dado - respondeu o outro. - Respondo por ele.

- Nesse caso, a caminho.

E a padiola foi levantada e retomou o seu caminho.

Ao cabo de cinquenta passos, pouco mais ou menos, pararam para abrir uma porta e em seguida recomeçaram a andar. O ruído das vagas quebrando-se contra os rochedos em que se erguia o Castelo chegava mais distintamente aos ouvidos de Dantès à medida que avançavam.

- Está mau tempo! - observou um dos carregadores. - Não deve ser agradável estar no mar esta noite.

- Pois não, e o abade corre grande risco de se molhar! - redarguiu o outro, e ambos desataram a rir.

Dantès não compreendeu muito bem o gracejo, mas nem por isso os cabelos se lhe eriçaram menos na cabeça.

- Pronto, cá estamos! - disse o primeiro.

- Mais longe, mais longe - contrapôs o outro. - Bem sabes que o último ficou pelo caminho, esmagado nos rochedos, e que o governador nos disse no dia seguinte que éramos uns madraços.

Deram ainda quatro ou cinco passos mais, sempre subindo, e depois Dantès sentiu que o agarravam pela cabeça e pelos pés e o balouçavam.

- Uma - disseram os coveiros.

- Duas...

- Três! Ao mesmo tempo, Dantès sentiu-se efectivamente lançado num vácuo enorme, atravessar os ares como uma ave ferida e cair sempre com um terror que lhe gelava o coração. Apesar de puxado por baixo por qualquer coisa pesada que lhe precipitava a rapidez do voo, pareceu-lhe que a queda durava um século.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 165

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069