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Capítulo 3: Os Catalães

Página 18

Os olhos de Fernand relampejaram.

- E se te acontecesse alguma desgraça, meu Edmond - continuou a jovem, com a mesma fleuma implacável que provava a Fernand que lera até ao mais fundo do seu sinistro pensamento-, se te acontecesse alguma desgraça subiria ao cabo de Morgion e atirar-me-ia de cabeça nos rochedos.

Fernand empalideceu horrivelmente.

- Mas estás enganado, Edmond - prosseguiu -, não tens nenhum inimigo aqui. Só cá está Fernand, o meu irmão, que te vai apertar a mão como a um amigo dedicado.

Proferidas estas palavras, a jovem fixou o seu olhar imperioso no catalão que, como que fascinado por esse olhar, se aproximou lentamente de Edmond e lhe estendeu a mão.

O seu ódio, semelhante a uma vaga impotente, embora furiosa, quebrava-se contra o ascendente que aquela mulher exercia sobre ele.

Mas assim que tocou na mão de Edmond, que sentiu que fizera tudo o que podia fazer, correu para fora de casa.

- Oh! - gritava correndo como um insensato e metendo os dedos nos cabelos. - Oh, quem me livrasse deste homem! Que infelicidade a minha! Que infelicidade a minha!

- Eh, catalão! Eh, Fernand! Aonde vais a correr assim? - perguntou uma voz.

O rapaz parou de repente, olhou à sua volta e viu Caderousse sentado a uma mesa com Danglars, debaixo de uma latada de folhagem.

- Eh! - insistiu Caderousse. - Por que não te aproximas? Estás assim com tanta pressa que nem tens tempo de cumprimentar os amigos?

- Sobretudo quando têm ainda uma garrafa quase cheia diante de si - acrescentou Danglars.

Fernand olhou os dois homens com ar aparvalhado e não disse nada.

- Parece muito excitado - observou Danglars, tocando com o joelho em Caderousse. - Não nos teremos enganado e, ao contrário do que prevíamos, terá sido Dantès; quem levou a melhor?

- Demónio, temos de tirar isso a limpo! - disse Caderousse.

E virando-se para o rapaz:

- Então, catalão, decides-te ou não?

Fernand enxugou o suor que lhe escorria da testa e entrou lentamente debaixo da latada, cuja sombra pareceu restituir-lhe um pouco de calma aos sentidos e a frescura um pouco de bem-estar ao corpo exausto.

- Bons dias - cumprimentou. - Chamaram-me, não chamaram? E mais caiu do que se sentou numa das cadeiras que rodeavam a mesa.

- Chamei-te porque corrias como um louco e porque receei que te fosses atirar ao mar - redarguiu Caderousse, rindo. - Que diabo, os amigos não são só para oferecer um copo de vinho, são também para nos impedir de beber três ou quatro pintas de água!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 18

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069