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Capítulo 3: Os Catalães

Página 19

Fernand soltou um gemido que mais pareceu um soluço e deixou cair a cabeça nos braços pousados em cruz em cima da mesa.

- Se queres que te diga, Fernand - prosseguiu Caderousse, encetando a conversa com a brutalidade grosseira da gente do povo, a quem a curiosidade faz esquecer toda a diplomacia -, tens o ar de um amante derrotado! E sublinhou o gracejo com uma grande gargalhada.

- Ora - interveio Danglars -, um rapaz dessa pinta não nasceu para ser infeliz no amor. Estás a brincar, Caderousse.

- Estou? - redarguiu este. - Pois escuta como ele suspira....

Então, então, Fernand, levanta o nariz e responde-nos. Não é amável não responder aos amigos que nos perguntam como estamos de saúde.

- A minha saúde vai bem - disse Fernand, crispando os punhos, mas sem levantar a cabeça.

- Ah! Estás a ver, Danglars? - disse Caderousse, piscando o olho ao amigo. - Fernand, que vês aqui e é um bom e digno catalão, um dos melhores pescadores de Marselha, está apaixonado por uma linda rapariga chamada Mercédès. Mas, infelizmente, parece que a linda rapariga está, por sua vez, apaixonada pelo imediato do Pharaon. E como o pharaon entrou hoje mesmo no porto… compreendes?

- Não, não compreendo - respondeu Danglars.

- O pobre Fernand deve ter sido posto com dono - concluiu Caderousse.

- E depois? - interveio Fernand, levantando a cabeça e fitando Caderousse como um homem que procura alguém sobre quem descarregar a sua cólera. - Mercédès não depende de ninguém, pois não? É absolutamente livre de amar quem quiser.

- Ah, se encaras o caso assim isso é outra coisa! - redarguiu Caderousse. - Julgava-te um catalão; e tinham-me dito que os Catalães não eram homens que se deixassem suplantar por um rival. Disseram-me até que sobretudo tu, Fernand, eras terrível nas tuas vinganças.

Fernand sorriu palidamente.

- Um apaixonado nunca é terrível - observou.

- Pobre rapaz! - disse Danglars, fingindo lamentar o jovem do mais fundo do coração. - Que queres, não esperava ver regressar assim Dantès, de repente. Talvez o julgasse morto, infiel, quem sabe! Essas coisas são tanto mais dolorosas quanto mais de surpresa nos acontecem.

- Em todo o caso - insinuou Caderousse, que bebia enquanto falava e em quem o famoso vinho de La Malgue começava a produzir efeito -, em todo o caso, dou-lhes a minha palavra de que Fernand não é o único a quem a feliz chegada de Dantès contraria. Não é verdade, Danglars?

- Claro que é verdade, e quase me atreveria a dizer que isso lhe dará azar...

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 19

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069