Entretanto, a sessenta passos do porto, aproximadamente, pareceu a Edmond, sempre oculto dos companheiros pelos acidentes do terreno, que os entalhes terminavam.
Simplesmente, não conduziam a nenhuma gruta. Um grande rochedo redondo assente numa base sólida era a única coisa a que pareciam conduzir. Edmond pensou que em vez de ter chegado ao fim talvez estivesse, pelo contrário, apenas no princípio; deu, pois, meia volta e regressou por onde viera.
Entretanto, os companheiros preparavam o almoço: iam buscar água à fonte, transportavam pão e fruta para terra e cozinhavam o cabrito. Precisamente no momento em que o tiravam do seu espeto improvisado viram Edmond que, ligeiro e audacioso como uma cabra-montês, saltava de rochedo em rochedo, e dispararam um tiro de espingarda para o avisar. O caçador mudou imediatamente de direcção e correu para eles.
Mas no momento em que todos o seguiam com a vista na espécie de voo que executava, classificando de temeridade a sua, habilidade, e como que para dar razão aos seus receios, o pé falhou a Edmond. Viram-no cambalear no cume de um rochedo, soltar um grito e desaparecer.
Saltaram todos ao mesmo tempo, pois todos gostavam de Edmond apesar da sua superioridade. No entanto, foi Jacopo quem chegou primeiro.
Encontrou Edmond estendido, a sangrar e quase sem sentidos; devia ter caído de doze ou quinze pés de altura.
Introduziram-lhe na boca algumas gotas de rum, e este remédio, que já demonstrara tanta eficácia sobre ele, produziu o mesmo efeito da primeira vez.
Edmond abriu os olhos e queixou-se de uma dor aguda no joelho, de um grande peso na cabeça e de picadas insuportáveis nos rins. Quiseram transportá-lo para a beira-mar, mas quando lhe tocaram, embora fosse Jacopo quem dirigia a operação, declarou gemendo que não se sentia com forças para suportar o transporte.
Todos compreenderam que era natural que Dantès tivesse perdido o apetite para o almoço, mas ele exigiu que os seus camaradas, que não tinham as mesmas razões que ele para fazer dieta, regressassem ao seu lugar.