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Capítulo 3: Os Catalães

Página 21

Danglars olhou sucessivamente para os dois homens: um embrutecido pela embriaguez, o outro dominado pelo amor.

- Não conseguirei nada destes idiotas - murmurou - e não é muito seguro para mim estar aqui entre um bêbedo e um poltrão. Eis um invejoso que se embebeda com vinho, quando deveria inebriar-se com fel, e um imbecil a quem acabam de roubar a amante diante do nariz e que se limita a choramingar e a lamentar-se como um garoto. E no entanto possui olhos chamejantes como esses espanhóis, esses sicilianos e esses calabreses, que se vingam tão bem, e punhos capazes de esmagar a cabeça de um boi tão seguramente como a maça de um magarefe. Decididamente, o destino de Edmond está traçado: casará com aquela linda rapariga, será comandante e rir-se-á de nós. A menos que... - um sorriso lívido desenhou-se nos lábios de Danglars - a menos que eu interfira nele - acrescentou.

- Olá! - continuava a gritar Caderousse, semi levantado e com os punhos na mesa. - Olá, Edmond! Não vês os amigos ou já te tornaste tão orgulhoso que não lhes falas?

- Não, meu caro Caderousse - respondeu Dantès. - Não me tornei orgulhoso, mas sinto-me feliz e a felicidade cega, creio, ainda mais do que o orgulho.

- Ainda bem! Aí está uma boa explicação - admitiu Caderousse. - Eh, bons dias, Sra. Dantès!

Mercédès cumprimentou gravemente.

- Esse não é ainda o meu nome - redarguiu - e na minha terra isso dá azar, dizem. Não se deve chamar as raparigas pelo nome do noivo antes de o noivo ser seu marido. Trate-me apenas por Mercédès, peço-lhe.

- Temos de perdoar essas coisas ao nosso bom vizinho Caderousse - interveio Dantès. - Engana-se tão pouco!...

- Quer dizer que a boda está para breve, Sr. Dantès? - perguntou Danglars, cumprimentando os dois jovens.

- Será o mais depressa possível, Sr. Danglars. Hoje realizar-se-ão os esponsais em casa do meu pai e amanhã ou depois de amanhã, o mais tardar, o jantar de noivado, aqui, na Réserve.

Espero que os amigos não faltem e escusado será dizer que está convidado, Sr. Danglars. E tu também, Caderousse.

- E Fernand? - perguntou Caderousse, rindo com voz pastosa. - E Fernand também?

- O irmão da minha mulher é meu irmão - declarou Edmond - e tanto Mercédès como eu o veríamos com profundo pesar afastar-se de nós em semelhante momento.

Fernand abriu a boca para responder, mas a voz morreu-lhe na garganta e não conseguiu articular uma única palavra.

- Hoje os esponsais, amanhã ou depois de amanhã o noivado... Demónio, está com muita pressa, comandante!

- Danglars - redarguiu Edmond, sorrindo -, digo-lhe o mesmo que Mercédès disse há pouco a Caderousse: não me trate pelo posto que ainda não me pertence, pois dar-me-ia azar.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 21

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069