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Capítulo 30: O 5 de Stembro

Página 252

Maximilien sorriu.

- Sei, meu pai, que é o homem mais honesto que jamais conheci.

- Pronto, está tudo dito. Agora, volta para junto da tua mãe e da tua irmã.

- Meu pai, abençoe-me - pediu o jovem, dobrando o joelho.

Morrel tomou a cabeça do filho nas mãos, aproximou-a de si e beijou-a diversas vezes.

- Oh, sim, sim! - exclamou. - Abençoo-te em meu nome e em nome de três gerações de homens irrepreensíveis. Ouve o que te dizem por meu intermédio: o edifício que a desgraça destruiu pode ser reconstruído pela Providência. Quando me virem morto de semelhante morte os mais inexoráveis terão compaixão de ti. A ti talvez dêem o tempo que me recusariam. Então, procura que a palavra infame não seja pronunciada. Mete ombros à obra. trabalha, rapaz, luta ardente e corajosamente. Vivam, tu, a tua mãe e a tua irmã, com o estritamente necessário para que, dia a dia, o capital daqueles a quem devo aumente e frutifique nas tuas mãos. Lembra-te de que será um belo dia, um grande dia, um dia solene o da reabilitação, o dia em que, neste mesmo gabinete, dirás: «O meu pai morreu por não poder fazer o que eu faço hoje. Mas morreu tranquilo e calmo, porque sabia ao morrer que eu o faria.»

- Oh, meu pai, meu pai! - exclamou o rapaz. - Se apesar de tudo pudesse viver!...

- Se viver, tudo se modificará. Se viver, o interesse transformar-se-á em dúvida, a compaixão em encarniçamento. Se viver, não passarei de um homem que faltou à sua palavra, que não respeitou os seus compromissos, não passarei, enfim, de um falido. Pelo contrário, se morrer (pensa nisto Maximilien), o meu cadáver será apenas o de um homem honesto infeliz. Vivo, os meus melhores amigos evitarão esta casa; morto, Marselha em peso acompanhar-me-á chorando à minha última morada. Vivo, envergonhar-te-ás do meu nome; morto, levantarás a cabeça e dirás: «Sou filho daquele que se matou porque, pela primeira vez, foi obrigado a faltar à sua palavra.» O rapaz soltou um gemido, mas pareceu resignado. Era a segunda vez que a convicção entrava, não no seu coração, mas sim no seu espírito.

- E agora - disse Morrel - deixa-me sozinho e procura afastar as mulheres.

- Não quer ver mais uma vez a minha irmã? - perguntou Maximilien.

O jovem depositava derradeira e recôndita esperança nesse encontro e por isso o sugeria. Mas o Sr. Morrel abanou a cabeça.

- Vi-a esta manhã e despedi-me dela.

- Não tem nenhuma recomendação especial a fazer-me, meu pai? perguntou Maximilien em voz alterada.

- Tenho, sim, meu filho, uma recomendação sagrada.

- Diga, meu pai.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 252

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069