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Capítulo 32: Despertar

Página 280

Ao fim desse tempo desistiu. Gaetano estava triunfante.

Quando Franz regressou à praia o iate não era mais do que um pontinho branco no horizonte. Recorreu ao óculo, mas mesmo com ele foi-lhe impossível distinguir qualquer coisa.

Gaetano lembrou-lhe que viera para caçar cabras, o que esquecera por completo. Pegou na espingarda e pôs-se a percorrer a ilha com o ar de um homem que cumpre mais um dever do que se proporciona um prazer, e passado um quarto de hora matara uma cabra e dois cabritos. Mas as cabras, apesar de bravas e ariscas como camurças, pareciam-se demasiado com as nossas cabras domésticas e Franz não as olhava como caça.

Além disso, ideias muito mais absorventes dominavam-lhe o espírito. Desde a véspera que era realmente o herói de um conto das Mil e Uma Noites, e sentia-se irresistivelmente atraído para a gruta.

Então, apesar da inutilidade da primeira busca, recomeçou segunda, depois de dizer a Gaetano que mandasse assar um dos dois cabritos. A segunda busca durou bastante mais tempo, pois quando regressou o cabrito estava assado e o pequeno-almoço pronto.

Franz sentou-se no sítio onde na véspera o tinham vindo convidar para cear da parte do seu misterioso anfitrião, e descortinou ainda, como uma gaivota embalada na crista de uma vaga, o iatezinho, que continuava a navegar para a Córsega.

- Mas - observou a Gaetano - você disse-me que o Sr. Simbad ia para Málaga e a mim parece me que se dirige directamente para Porto- Vecchio.

- Já se não lembra - respondeu o patrão - que entre a gente da sua tripulação lhe disse haver de momento dois bandidos corsos?

- É verdade! E vai desembarcá-los na costa? - perguntou Franz.

- Justamente. Oh, é um homem que, segundo se diz, não teme nem Deus nem o Diabo e que é capaz de se desviar cinquenta léguas da sua rota para ser prestável a um pobre diabo!

- Mas esse género de favores poderá muito bem acarretar-lhe dissabores com as autoridades do país onde exerce semelhante filantropia - observou Franz.

- Bom - redarguiu Gaetano, rindo -, que podem as autoridades contra ele? Está-se nas tintas para elas! Que tentem persegui-lo. Primeiro, o seu iate não é um navio vulgar, é uma ave, e ele daria três nós de avanço em doze a uma fragata, e depois bastar-lhe-ia desembarcar na costa para encontrar amigos por toda a parte.

O que havia de mais claro em tudo aquilo é que o Sr. Simbad, anfitrião de Franz, tinha a honra de manter relações com os contrabandistas e os bandidos de todas as costas do Mediterrâneo, o que não deixava de o colocar numa posição bastante estranha.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 280

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069