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Capítulo 5: O banquete de noivado

Página 29

Danglars e Caderousse desempenharam-se da sua missão de embaixadores. Em seguida, depois de trocarem um aperto de mão muito enérgico e amistoso com Edmond, retiraram-se, Danglars para tomar lugar ao pé de Fernand e Caderousse para se colocar ao lado do Tio Dantès, centro da atenção geral.

O velhote envergava uma bela casaca de tafetá canelado, adornada com grandes botões de aço facetados. As pernas, magras mas nervosas, ostentavam magníficas meias de algodão mosqueado, que cheiravam à légua a contrabando inglês. Do chapéu de três bicos pendia-lhe um laço de fitas brancas e azuis. Finalmente, apoiava-se numa bengala torcida e retorcida em cima com o pé dum antigo. Dir-se-ia um desses janotas que se pavoneavam em 1796 nos jardins pouco antes reabertos do Luxemburgo e das Tulherias.

Como já dissemos, Caderousse esgueirara-se para junto dele. Caderousse a quem a esperança de uma boa refeição acabara de reconciliar com os Dantès; Caderousse a quem restava na memória uma vaga lembrança do que se passara na véspera, tal como ao acordarmos de manhã e encontramos no espírito da sombra do sonho que tivemos durante o sono.

Aproximando-se de Fernand, Danglars deitara ao amante desdenhado um olhar profundo. Fernand que caminhava atrás do futuro casal completamente esquecido por Mercédès, que no egoísmo juvenil e encantador do amor só tinha olhos para o seu Edmond; Fernand que estava pálido, mas que de vez em quando corava em acessos súbitos, que desapareciam e davam lugar a uma palidez crescente.

A intervalos olhava para os lados de Marselha e então apoderava-se-lhe dos membros uma tremura nervosa e involuntária.

Fernand parecia esperar ou pelo menos prever qualquer grande acontecimento.

Dantès vestia com simplicidade. Como pertencia à marinha mercante, o seu traje era meio militar, meio civil e dava-lhe um aspeto, para mais realçado pela alegria e pela beleza da noiva, deveras atraente.

Mercédès estava linda, parecia uma dessas gregas de Chipre ou de Keos, de olhos de ébano e lábios de coral. Caminhava com esse passo livre e franco com que caminham as Arlesianas e as Andaluzas. Uma rapariga citadina talvez procurasse esconder a sua alegria debaixo de um véu ou pelo menos do veludo das pálpebras, mas Mercédès sorria e olhava todos os que a rodeavam e o seu sorriso e o seu olhar diziam tão francamente quanto o poderiam dizer estas palavras: «Se são meus amigos, regozijem-se comigo, porque na verdade sou feliz!»

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 29

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069