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Capítulo 33: Bandidos Romanos

Página 296

»- Vejamos - disse Carlini, levantando-se por sua vez e aproximando-se do cadáver com a mão na coronha de uma das suas pistolas -, ainda há alguém que me queira disputar esta mulher?

»- Não - respondeu o chefe -, é tua!

»Então, Carlini tomou-a por seu turno nos braços e levou-apara fora do círculo de luz que projectava a chama da fogueira.

»Cucumetto dispôs as sentinelas como de costume e os bandidos deitaram-se envoltos nas suas capas à roda da fogueira.

»À meia-noite, uma sentinela deu o alerta e num instante o chefe e os companheiros levantaram-se.

»Era o pai de Rita, que vinha pessoalmente trazer o resgate da filha.

»- Tome - disse a Cucumetto, estendendo-lhe uma bolsa de dinheiro. - Estão aí trezentas piastras, restitua-me a minha filha.

»Mas o chefe, sem pegar no dinheiro, fez-lhe sinal para que o seguisse. O velho obedeceu. Ambos se afastaram para debaixo das árvores, através de cujos ramos se filtrava o luar. Por fim, Cucumetto deteve-se, estendeu a mão e indicou ao velho duas pessoas reunidas ao pé de uma árvore.

»- Vês? - disse-lhe. - Pede a tua filha a Carlini, é ele que ta tem de entregar.

»E voltou para junto dos companheiros.

»O velho ficou imóvel e com os olhos fixos. Pressentia que qualquer desgraça desconhecida, imensa, inaudita, lhe pairava sobre a cabeça.

»Por fim, deu alguns passos para o grupo informe, que não conseguia identificar.

»Ao ouvir o ruído que o velho fazia ao avançar ao seu encontro, Carlini levantou a cabeça e as formas das duas pessoas surgiram mais distintas aos olhos do velho.

»Deitada no chão encontrava-se uma mulher, com a cabeça pousada nos joelhos de um homem sentado e inclinado sobre ela. Fora ao endireitar-se que o homem descobrira o rosto da mulher que apertava ao peito.

»O velho reconheceu a filha e Carlini reconheceu o velho.

»- Esperava-te - disse o bandido ao pai de Rita.

»Miserável! - gritou o velho. - Que fizeste?

»E olhava com terror Rita, pálida, imóvel, ensanguentada, com uma faca espetada no peito.

»Um raio de luar batia nela e iluminava-a com uma luz baça.

»- Cucumetto violou a tua filha - disse o bandido - e como eu a amava, matei-a. Porque depois dele iria servir de joguete a toda a quadrilha.

»O velho não disse nada; apenas se tornou pálido como um espectro.

»- Agora - disse Carlini - se fiz mal, vinga-a.

»E arrancou a faca do seio da rapariga, levantou-se e foi oferecê-la com uma das mãos ao velho, enquanto com a outra afastava a jaqueta e lhe oferecia o peito nu.

»- Fizeste bem - disse-lhe o velho, numa voz abafada. - Abraça-me meu filho.

»Carlini lançou-se soluçando nos braços do pai da amada. Eram as primeiras lágrimas que vertia aquele homem sanguinário.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 296

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069