- Sim - confirmou o narrador. - Foi o nome que o viajante deu a Vampa como sendo o seu.
- Mas afinal você tem alguma coisa contra esse nome? - perguntou Albert ao amigo. - É um belíssimo nome, e as aventuras do patrão desse cavalheiro divertiram-me muito, confesso, na minha adolescência.
Franz não insistiu mais. Como bem se compreende, o nome de Simbad, o Marinheiro, despertara nele um mundo de recordações, como na véspera o do conde de Monte-Cristo.
- Continue - pediu ao hoteleiro.
- Vampa meteu desdenhosamente os dois sequins na algibeira e retomou lentamente o caminho por onde viera. Chegado a duas ou três centenas de passos, da gruta, julgou ouvir um grito.
»Parou e escutou para saber de que lado vinha esse grito.
»Passado um segundo, ouviu o seu nome pronunciado distintamente.
»O apelo vinha ao lado da gruta.
»Saltou como um cabrito-montês, armou a espingarda enquanto corria e chegou em menos de um minuto ao alto da colina oposta àquela em que vira o viajante.
»Ali os gritos de "Socorro!" chegaram-lhe ainda mais distintos.
»Relanceou, a vista pelo espaço que dominava: um homem raptava Teresa como o centauro Nesso raptara Dejanira.
»Esse homem, que se dirigia para o bosque, encontrava-se já a três quartos do caminho entre a gruta e a floresta.
»Vampa calculou a distância. O homem tinha duzentos passos de avanço sobre ele, pelo menos, e não havia possibilidade de o apanhar antes de chegar ao bosque.
»O jovem pastor deteve-se como se os seus pés tivessem criado raízes. Encostou a coronha da espingarda ao ombro, levantou lentamente o cano na direcção do raptor, seguiu-o um segundo na corrida e disparou.
»O raptor parou bruscamente, os joelhos dobraram-se-lhe e o homem caiu arrastando Teresa na queda.
»Mas Teresa levantou-se imediatamente. Quanto ao fugitivo, ficou caído, debatendo-se nas convulsões da agonia.
»Vampa correu para Teresa, porque, a dez passos do moribundo, as pernas também lhe tinham faltado e a jovem caíra de joelhos. O rapaz tinha o receio terrível de que a bala que abatera o inimigo tivesse ao mesmo tempo ferido a noiva.
»Felizmente, nada disso acontecera, fora apenas o terror que paralisara as forças de Teresa. Quando Luigi teve a certeza de que estava sã e salva, virou-se para o ferido.
»Acabava de expirar, com os punhos fechados, a boca contraída pela dor e os cabelos eriçados sob o suor da agonia.
»Os olhos tinham-lhe ficado abertos e ameaçadores.
»Vampa, aproximou-se do cadáver e reconheceu Cucumetto.