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Capítulo 34: Aparição

Página 322

- Bom, precisamente por não terem nada a esconder e viverem às claras é que as mulheres são tão livres no belo país onde ressoa o si, como diz Dante. Aliás, você bem viu que a condessa estava realmente cheia de medo.

- Medo de quê? Do respeitável cavalheiro que estava defronte de nós com aquela bonita grega? Pois eu quis vê-los de perto e quando saíram cruzei-me com eles no corredor. Não sei aonde diabo vocês foram buscar todas essas ideias do outro mundo! Trata-se de um homem simpatiquíssimo e muito elegante, com todo o ar de se vestir em França, no Blin ou no Humann. Um bocadinho pálido, é verdade, mas você bem sabe que a palidez é um sinal de distinção.

Franz sorriu. Albert tinha grandes pretensões a ser pálido.

- Por isso - disse-lhe Franz -, estou convencido de que as ideias da condessa acerca desse homem não têm senso comum. Falou ao pé de si e você ouviu algumas das suas palavras?

- Falou, mas em grego moderno. Reconheci o idioma por algumas palavras desfiguradas. Devo dizer-lhe, meu caro, que no colégio era fortíssimo em grego.

- Portanto falava grego moderno?

- É provável.

- Não tenho qualquer dúvida - murmurou Franz -, é ele.

- Que diz você?

- Nada. Que fazia você aqui?

- Preparava-lhe uma surpresa.

- Qual?

- Sabe que é impossível arranjar uma caleça?

- Olha que descoberta! Então não fizemos inutilmente tudo o que era humanamente possível fazer para a arranjar?

- Pois bem, tenho uma ideia maravilhosa.

Franz olhou para Albert como se não tivesse grande confiança na sua imaginação.

- Meu caro - observou Albert -, honra-me com um olhar que merecia bem que lhe pedisse uma reparação.

- Estou pronto a dar-lha, caro amigo, se a ideia for tão engenhosa como diz.

- Escute.

- Estou a escutar.

- Não há meio de se arranjar carruagem, não é verdade?

- É.

- Nem cavalos?

- Também não.

- Mas podemos arranjar uma carroça...

- Talvez.

- E uma junta de bois...

- É provável.

- Pois, meu caro, temos o problema resolvido! Mandarei decorar a carroça, vestimo-nos de ceifeiros napolitanos e representamos ao natural o magnífico quadro de Léopold Robert. Se, para maior semelhança, a condessa acedesse a usar o traje de uma mulher de Pouzzole ou de Sorrento, isso completaria a mascarada, e ela é bastante bonita para a tomarem pelo original da Femme á l'enfant.

- Por Deus, desta vez tem razão, Sr. Albert! - exclamou Franz. - É uma ideia verdadeiramente original.

- E muito nacionalista, inspirada nos reis indolentes, meu caro, nada mais, nada menos! Ah, Srs. Romanos, julgavam que íamos correr a pé pelas suas ruas, como lazzaroni, por não terem caleças e cavalos?... Pois bem, inventá-los-emos!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 322

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069