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Capítulo 36: O Carnaval de Roma

Página 343

- Olhe, aquela caleça que vai ali, carregada de camponesas romanas.

- Não.

- Pois estou certo de que são mulheres encantadoras.

- Que azar estar mascarado, meu caro Albert - disse Franz. - Era a altura de se desforrar das suas decepções amorosas!

- Oh, espero que o Carnaval não termine sem me proporcionar qualquer compensação! - exclamou Albert, meio a rir, meio a sério.

Apesar desta esperança, o dia passou-se todo sem outra aventura além do reencontro, duas ou três vezes renovado, com a caleça das camponesas romanas. Num desses encontros, como que por acaso, ou por cálculo, a máscara de Albert soltou-se.

Ao mesmo tempo, ele pegou no resto das flores e atirou-as para a caleça.

Sem dúvida uma das mulheres encantadoras que Albert adivinhava sob o traje garrido de camponesa ficou impressionada pela galantaria, pois por sua vez, quando a carruagem dos dois amigos voltou a passar, atirou-lhe um ramo de violetas.

Albert precipitou-se para o ramo. Como Franz não tinha nenhum motivo para crer que fora atirado em sua intenção, deixou Albert apanhá-lo. Albert pô-lo vitoriosamente na lapela e a carruagem continuou a sua corrida triunfal.

- Pronto, aí está um princípio de aventura! - disse-lhe Franz.

- Ria à vontade - respondeu Albert -, mas na verdade estou convencido que sim. Por isso, não largo mais este ramo.

- Acredito! - declarou Franz, rindo. - É um sinal de reconhecimento.

O gracejo, aliás, depressa adquiriu o carácter de realidade, pois quando, sempre levados pelo cortejo, Franz e Albert se cruzaram de novo com a carruagem das contadine a que atirara o ramo a Albert bateu as mãos ao ver-lhe na lapela.

- Bravo, meu caro, bravo - disse-lhe Franz. - Corre tudo às mil maravilhas! Quer que o deixe! talvez seja mais agradável para si estar só...

- Não - respondeu Albert. - Não precipitemos nada. Não quero deixar-me apanhar como um idiota, a uma primeira demonstração, num encontro debaixo do relógio, como dizemos nos bailes da ópera. Se a bela camponesa quiser ir mais longe, encontrá-la-emos amanhã, ou antes, encontrar-nos-á ela. Então, dar-me-á sinal da sua existência e verei o que devo fazer.

- Na verdade, meu caro Albert - observou Franz -, você é sábio como Nestor e prudente como Ulisses. E se a sua Circe conseguir transformá-lo num animal qualquer, é porque será muito hábil ou muito poderosa.

Albert tinha razão. A bela desconhecida resolvera, sem dúvida, não levar mais longe o namoro daquele dia; porque embora os jovens dessem ainda várias voltas, não tornaram a ver a caleça que procuravam com a vista: desaparecera decerto por uma das ruas adjacentes.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 343

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069