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Capítulo 40: O almoço

Página 395
O que sei é que como um ingénuo, mais ingénuo ainda do que aquele de quem falava há pouco, tomei por essa camponesa um jovem bandido de quinze ou dezasseis anos, de queixo imberbe e cintura fina, que, no momento em que pretendia adiantar-me e depositar um beijo no seu casto ombro, me encostou a pistola à garganta e, com o auxílio de sete ou oito dos seus companheiros, me conduziu, ou antes arrastou para o fundo das catacumbas de S. Sebastião, onde encontrei um chefe de bandidos muito letrado, palavra, o qual lia os Comentários, de César, e que se dignou interromper a leitura para me dizer que se no dia seguinte, às seis horas da manhã, não tivesse depositado quatro mil escudos no seu cofre, nesse mesmo dia, às seis e um quarto, deixaria completamente de existir. A carta existe, está em poder de Franz, assinada por mim e com um post-scriptum de mestre Luigi Vampa. Se duvidam, escrevo a Franz, que mandará reconhecer as assinaturas. Eis o que sei. Agora o que não sei é como conseguiu, Sr. Conde, merecer tão grande respeito dos bandidos de Roma, que respeitam tão poucas coisas. Confesso-lhe que Franz e eu ficámos boquiabertos de admiração.

- Nada mais simples, senhor - respondeu o conde. - Conhecia o famoso Vampa há mais de dez anos. Muito novo, e quando era ainda pastor, dei-lhe um dia já não sei que moeda de ouro por me ter indicado o meu caminho, e ele deu-me, para nada me ficar a dever, um punhal esculpido por si e que o senhor deve ter visto na minha colecção de armas. Mais tarde, quer porque tivesse esquecido essa troca de presentes que deveria manter a amizade entre nós, quer porque me não tivesse reconhecido, tentou capturar-me, mas fui eu, muito pelo contrário, que o apanhei com uma dúzia dos seus homens. Podia entregá-lo à justiça romana, que é expedita e que agiria ainda mais depressa no seu caso, mas não o fiz; soltei-o a ele e aos seus.

- Com a condição de não pecarem mais - observou o jornalista, rindo. - Vejo com prazer que mantiveram escrupulosamente a sua palavra!...

- Não, senhor - respondeu Monte-Cristo. - Com a simples condição de que me respeitariam sempre, a mim e aos meus. Talvez o que lhes vou dizer lhes pareça estranho, senhores socialistas, progressistas e humanitários, mas nunca me preocupo com o meu próximo nem tento proteger a sociedade, que me não protege, e direi mesmo mais, que geralmente só se preocupa comigo para me prejudicar. Por isso, arredando-os da minha estima e mantendo a neutralidade em relação a eles, é ainda a sociedade e o meu próximo que me devem retribuição.

- Até que enfim! - exclamou Château-Renaud. - Aqui está o primeiro homem corajoso que ouço pregar leal e brutalmente o egoísmo. É muito belo isso! Bravo, Sr. Conde!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 395

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069