«Um dia, teria Benedetto cinco ou seis anos, o vizinho Wasilio, que, conforme os hábitos da nossa terra, não fechava nem a sua bolsa nem as suas jóias, porque, como o Sr. Conde sabe melhor do que ninguém, na Córsega não há ladrões... um dia, o vizinho Wasilio queixou-se-nos de que lhe desaparecera um luís da bolsa. Pensámos que tivesse contado mal, mas ele afirmara que não. Nesse dia, Benedetto saíra de casa logo de manhã e estávamos numa grande inquietação, quando à tardinha o vimos chegar com um macaco que achara, dizia ele, preso a uma árvore.
«Havia um mês que a paixão do terrível garoto, que não sabia que mais inventar, era ter um macaco. Um saltimbanco que passara por Rogliano e possuía vários desses animais, cujas piruetas o tinham divertido muito, é que lhe inspirara, sem dúvida, o malfadado capricho.
«- Não há macacos nos nossos bosques - disse-lhe eu -, e sobretudo macacos amarrados. Diz-me portanto como arranjaste esse.
«Benedetto manteve a mentira e acompanhou-a de pormenores que honravam mais a sua imaginação do que a sua veracidade. Irritei-me e ele desatou a rir, ameacei-o, e ele deu dois passos atrás.
«- Não me podes bater - disse. - Não tens esse direito, não és o meu pai.
«Ignorámos sempre quem lhe revelara o fatal segredo, que entretanto tínhamos ocultado com o maior cuidado. Como quer que fosse, tal resposta, em que o garoto se revelou por completo, quase me assustou e o meu braço erguido caiu, efectivamente, sem tocar no culpado. O pequeno triunfou e aquela vitória deu-lhe tal audácia que a partir dali todo o dinheiro de Assunta, cujo amor por ele parecia aumentar à medida que se tornava menos digno, se foi em caprichos que ela não sabia contrariar, em loucuras que ela não tinha a coragem de impedir.