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Capítulo 44: A vendetta

Página 442

«- E os ladrões? - perguntou a Carconte. - A estrada nunca é muito segura durante a feira.

«- Oh, quanto aos ladrões, tenho isto para eles! - respondeu Joannès, e tirou da algibeira um par de pistolinhas carregadas até à boca. - Estes cães ladram e mordem ao mesmo tempo. Seriam para os dois primeiros que cobiçassem o seu diamante, Tio Caderousse.

«Caderousse e a mulher trocaram um olhar sombrio. Dir-se-ia que lhes acudira ao mesmo tempo qualquer pensamento terrível.

«- Então, boa viagem! - disse Caderousse.

«- Obrigado! - agradeceu o joalheiro.

«Pegou na bengala, que deixara encostada a um velho baú, e saiu. No momento em que abriu a porta entrou tal rajada de vento que quase apagou o candeeiro.

«- Oh, vem aí um rico tempo, e duas léguas debaixo de temporal!...

«- Fique - insistiu Caderousse. - Pode muito bem dormir cá.

«- Sim, fique - insistiu também a Carconte, com voz trémula. - Tratá-lo-emos como deve ser.

«- Não, tenho de ir dormir a Beaucaire. Adeus.

«Caderousse foi lentamente até à porta.

«- Não se vê céu nem terra - disse o joalheiro, já fora da casa. - Viro à direita ou à esquerda?

«- À direita - respondeu Caderousse. - Não tem nada que se enganar: a estrada tem árvores de um lado e doutro.

«- Bom, cá vou - disse o joalheiro, cuja voz já mal se ouvia ao longe.

«- Fecha a porta - recomendou a Carconte. - Não gosto de portas abertas quando troveja.

«- E quando há dinheiro em casa, não é verdade? - acrescentou Caderousse, dando duas voltas à chave.

«Em seguida dirigiu-se para o armário, do qual tirou o saco e a carteira, e puseram-se ambos a contar pela terceira vez o seu ouro e as suas notas. Nunca vira expressão igual à daquelas duas caras, cuja cupidez transparecia à luz fraca do candeeiro. A mulher, sobretudo, estava hedionda. O tremor febril que habitualmente a agitava redobrara. O seu rosto, de pálido, tornara-se lívido. Os seus olhos encovados chamejavam.

«- Porque o convidaste a dormir cá? - perguntou com voz abafada.

«- Para... para não ter de regressar a Beaucaire com este, tempo - respondeu Caderousse, estremecendo.

«- Ah!... - exclamou a mulher, com uma expressão impossível de descrever. - Julguei que fosse por outra coisa...

«- Mulher! Mulher! - gritou Caderousse. - Porque tens semelhantes ideias e porque, tendo-as, não as guardas para ti?

«- Tanto faz - disse a Carconte passado um instante de silêncio -, tu não és um homem...

«- Que dizes? - perguntou Caderousse.

«- Se fosses um homem, ele não sairia daqui

«- Mulher!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 442

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069