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Capítulo 47: A parelha pigarça

Página 471

A Sr.ª de Villefort empalideceu e deteve o braço do filho, que puxou para si. Mas uma vez o seu receio acalmado, deitou imediatamente ao cofrezinho um curto mas expressivo olhar, que o conde interceptou de passagem.

Neste momento entrou Ali. A Sr.ª de Villefort fez um movimento de alegria e disse, puxando o garoto ainda mais para perto de si:

- Edouard, vês este bom servidor? Foi muito corajoso, pois expôs a vida para deter os cavalos que nos arrastavam e a carruagem prestes a quebrar-se. Agradece-lhe, pois, porque provavelmente sem ele a esta hora estaríamos ambos mortos.

O garoto estendeu os lábios e virou desdenhosamente a cabeça.

- É muito feio - disse.

O conde sorriu, como se o pequeno acabasse de preencher uma das suas esperanças. Quanto à Sr.ª de Villefort, ralhou ao filho com uma moderação que decerto não seria do gosto de Jean-Jacques Rousseau se o pequeno Edouard se chamasse Emile.

- Vês? - disse em árabe o conde a Ali. - Esta dama pede ao filho que te agradeça teres-lhes salvo a vida e o garoto responde que és muito feio.

Ali virou um instante a cabeça inteligente e olhou o pequeno sem expressão aparente. Mas um simples frémito das suas narinas mostrou a Monte-Cristo que o árabe acabava de ser ferido no coração.

- Esta casa é a sua residência habitual? - perguntou a Sr.ª de Villefort, levantando-se para se retirar.

- Não, minha senhora - respondeu o conde. - É uma espécie de casa de repouso que comprei. Moro na Avenida dos Campos Elísios, n.º 30. Mas vejo que está completamente recomposta e que deseja retirar-se. Acabo de ordenar que atrelem esses mesmos cavalos à minha carruagem, e Ali, aquele rapaz tão feio -disse sorrindo ao garoto -, vai ter a honra de os levar a casa enquanto o seu cocheiro ficará aqui para mandar consertar a caleça. Logo que essa tarefa indispensável esteja terminada, uma das minhas parelhas levá-la-á directamente a casa da Sr.ª Danglars.

- Mas - disse a Sr.ª de Villefort -, com os mesmos cavalos nunca me atreverei a sair daqui

- Oh, verá, minha senhora! - redarguiu Monte-Cristo. - Na mão de Ali, tornar-se-ão mansos como cordeiros.

Com efeito, Ali aproximara-se dos cavalos, que se tinham levantado com muita dificuldade. Levava na mão uma esponjazinha embebida em vinagre aromático, com a qual esfregou as narinas e as têmporas dos cavalos, cobertos de suor e de espuma, e quase imediatamente ambos começaram a resfolegar ruidosamente e a tremer muito durante alguns segundos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 471

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069