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Capítulo 47: A parelha pigarça

Página 472

Depois, no meio de uma multidão numerosa, que os restos da carruagem e o barulho do acidente tinham atraído diante da casa, Ali mandou atrelar os cavalos ao cupé do conde, pegou nas rédeas, subiu para a boleia e com grande espanto dos assistentes que tinham visto aqueles cavalos galopar como se fossem arrastados por um turbilhão, viu-se obrigado a utilizar energicamente o chicote para os fazer andar, e mesmo assim não pôde obter dos famosos pigarços, agora entorpecidos, petrificados, mortos, mais do que um trote tão pouco firme e tão frouxo que a Sr.ª de Villefort levou quase duas horas a chegar ao arrabalde de Saint-Honoré, onde morava.

Assim que chegou a casa, e uma vez acalmadas as primeiras emoções da família, escreveu o seguinte bilhete à Sr.ªDanglars:

Querida Herminie:

Acabo de ser miraculosamente salva, com o meu filho, pelo mesmo Monte-Cristo de quem tanto falámos ontem à noite e que estava longe de suspeitar que veria hoje. Ontem falou-me dele com um entusiasmo que não pude impedir que fosse alvo da troça da minha pobre inteligência, mas hoje considero esse entusiasmo muito abaixo do homem que o inspirava. Os seus cavalos tomaram o freio nos dentes no Ranelagh, como se tivessem enlouquecido, e ia-mos provavelmente despedaçar-nos, o meu pobre Edouard e eu, contra a primeira árvore da estrada ou contra o primeiro marco da aldeia, quando um árabe, um negro, um núbio, um preto, enfim, ao serviço do conde, e a um sinal deste, segundo creio, deteve a galopada dos cavalos, com risco de ele próprio ser despedaçado, e foi realmente um milagre que o não tenha sido.

Então o conde acorreu e levou-nos para sua casa, a Edouard e a mim, e trouxe o meu filho à vida.

Regressei a casa na sua própria carruagem: a da minha amiga ser-lhe-á devolvida amanhã. Encontrará os seus cavalos muito enfraquecidos depois deste acidente. Estão como que embotados. Dir-se-ia que não podem perdoar a si mesmos terem-se deixado dominar por um homem. O conde encarregou-se de lhe dizer que dois dias de repouso na cavalariça e cevada como única alimentação os voltarão a pôr em estado tão fogoso, o que quer dizer tão assustador, como ontem.

Adeus! Não lhe agradeço o meu passeio, e quando reflicto acho uma ingratidão guardar-lhe rancor por causa dos caprichos da sua parelha já que devo a um desses caprichos ter visto o conde de Monte-Cristo, e o ilustre estrangeiro parece-me, à parte os milhões de que dispõe, um problema tão curioso e interessante que espero estudá-lo a todo o custo, nem que tenha de recomeçar um passeio ao Bosque com os cavalos da minha amiga.

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pág. 472 (Capítulo 47)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 472

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069