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Capítulo 53: Roberto, o diabo

Página 521

- Na verdade, meu caro - disse Château-Renaud -, não compreendo, exceptuando a diferença de condição social, e não creio que isso o preocupe muito, não compreendo, repito, que, exceptuando a diferença de condição social, possa ter qualquer coisa contra Mademoiselle Danglars, que é realmente uma lindíssima rapariga.

- Muito bonita, decerto - concordou Albert. - Mas confesso-lhe que em vez de beleza preferiria qualquer coisa mais meiga, mais suave, mais feminina, enfim.

- Ora vejam estes rapazes! - exclamou Château-Renaud que, na sua qualidade de homem de trinta anos, tomava com Morcerf ares paternais. - Nunca estão satisfeitos. Então, meu caro, arranjam-lhe uma noiva que parece uma Diana caçadora e você não está contente?!

- Precisamente por isso. Preferiria qualquer coisa no género da Vénus de Milo ou de Cápua. Aquela Diana caçadora sempre no meio das suas ninfas assusta-me um pouco. Receio que me trate como Actéon

Com efeito, uma olhadela à jovem quase podia explicar o sentimento que acabava de confessar Morcerf. Mademoiselle Danglars era bela, mas, como dissera Albert, de uma beleza um pouco parada. Os seus cabelos eram de um bonito negro, mas nas suas ondas naturais notava-se certa rebelião à mão que queria impor-lhes a sua vontade; os seus olhos, negros como os cabelos, emoldurados por magníficas sobrancelhas, que só tinham um defeito, o de se franzirem de vez em quando, eram sobretudo notáveis por uma expressão de firmeza que admirava encontrar no olhar de uma mulher; o seu nariz tinha as proporções exactas que um estatuário daria ao de Juno; apenas a boca era demasiado grande, mas guarnecida de lindos dentes, que ainda mais faziam sobressair os lábios, cujo carmim excessivamente vivo contrastava com a palidez do rosto; finalmente, um sinal preto colocado ao canto da boca, e maior do que são habitualmente tais caprichos da natureza, acabava de lhe dar à fisionomia o ar decidido que assustava um bocadinho Morcerf.

Aliás, todo o resto da pessoa de Eugénie se conjugava com a cabeça que acabamos de tentar descrever. Era, como dissera Château-Renaud, uma Diana caçadora, mas com qualquer coisa ainda de mais firme e musculoso na sua beleza.

Quanto à educação que recebera, se havia alguma critica a fazer-lhe era que, como certos pontos da sua fisionomia, parecia pertencer um bocadinho ao outro sexo. Com efeito, falava duas ou três línguas, desenhava facilmente, escrevia versos e compunha música. Era sobretudo apaixonada por esta última arte, que estudava com uma das suas amigas de colégio, jovem sem fortuna mas dotada de todas as condições exigíveis para se tornar, segundo se afirmava, uma excelente cantora.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 521

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069