O Conde de Monte Cristo - Cap. 53: Roberto, o diabo Pág. 522 / 1080

Um grande compositor dedicava-lhe, ao que constava, um interesse quase paternal e fazia-a trabalhar, confiado em que ela encontraria um dia uma fortuna na voz.

A possibilidade de Mademoiselle Louise de Armilly, assim se chamava a jovem artista, entrar um dia para o teatro fazia com que Mademoiselle Danglars, embora a recebesse em sua casa, se não mostrasse em público na sua companhia. De resto, sem ter em casa do banqueiro a posição independente de uma amiga, Louise tinha uma posição superior à das vulgares professoras.

Poucos segundos depois da entrada da Sr.ª Danglars no seu camarote, o pano descera, e graças à faculdade, permitida pelo tamanho dos intervalos, de as pessoas poderem passear no foyer ou fazerem visitas durante meia hora, a plateia desguarnecera-se pouco a pouco.

Morcerf e Château-Renaud tinham sido os primeiros a sair. Por um momento, a Sr.ª Danglars pensara que a pressa de Albert tinha como finalidade vir apresentar-lhe os seus cumprimentos, e inclinara-se ao ouvido da filha para lhe anunciar a visita.

Mas a jovem limitara-se a abanar a cabeça sorrindo. E ao mesmo tempo, como que para provar até que ponto a denegação de Eugénie era fundada, Morcerf apareceu num camarote de primeira ordem. Esse camarote era o da condessa G...

- Ah, ei-lo, Sr. Viajante! - exclamou a condessa, estendendo-lhe a mão com toda a cordialidade de uma velha amiga. - Foi muito amável da sua parte ter-me reconhecido e sobretudo ter-me dado a preferência para a sua primeira visita.

- Creia, minha senhora - respondeu Albert -, que se tivesse sabido da sua chegada a Paris e conhecesse a sua morada, não teria esperado até tão tarde. Mas permita-me que lhe apresente o Sr. Barão de Château-Renaud, meu amigo, um dos raros gentis-homens, que ainda restam em França e por quem acabo de saber que a senhora esteve nas corridas do Campo de Marte.

Château-Renaud cumprimentou.

- Ah, o senhor esteve nas corridas? - disse vivamente a condessa.

- Estive, sim, minha senhora.

- Nesse caso - prosseguiu, não menos vivamente, a Sr.ª G... -, poderá dizer-me a quem pertencia o cavalo que ganhou o prémio do Jockey-Club?

- Não, minha senhora - respondeu Château-Renaud -, e ainda há pouco fazia a mesma pergunta ao Albert.

- Tem muito interesse nisso, Sr.ª Condessa? - perguntou Albert.

- Em quê?

- Em conhecer o dono do cavalo.

- Infinito. Imagine... Mas será por acaso o senhor, visconde?

- Minha senhora, ia contar uma história: «Imagine...» começou.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069