- Porque - respondeu Albert, rindo - as notícias sucedem-se e não se assemelham...
- Demónio, o Sr. Danglars arrisca trezentos mil francos num dia! É obra! Mas então deve ser enormemente rico... - observou Monte-Cristo.
- Não é ele que joga! - atalhou vivamente Lucien. - é a Sr.ª Danglars, que é realmente uma mulher intrépida.
- Mas você, que é razoável e sabe alguma coisa de estabilidade de notícias, uma vez que está na fonte, deveria impedi-la dessas loucuras - disse Morcerf, sorrindo.
- Como o conseguiria se o marido o não consegue? - perguntou Lucien. - Conhece o temperamento da baronesa; ninguém tem influência sobre ela e só faz absolutamente o que quer.
- Oh, se estivesse no seu lugar!... - insinuou Albert.
- Que faria? - Curava-a desse vício. Seria um favor que prestaria ao seu futuro genro.
- Mas como?
- Meu Deus, de maneira muito fácil: dava-lhe uma lição!
- Uma lição?...
- Sim. A sua posição de secretário do ministro dá-lhe uma grande autoridade no tocante às notícias. Se você não abrir a boca, os cambistas não estenogratarão a correr as suas palavras. Faça-a perder uma centena de milhar de francos, sucessivamente, e verá que isso a torna prudente.
- Não compreendo... - balbuciou Lucien.
- Pois é simples - respondeu o rapaz, com uma ingenuidade que não tinha nada de simulada. - Anuncie-lhe uma bela manhã qualquer coisa inaudita, uma notícia telegráfica que só você possa saber. Que Henrique IV, por exemplo, foi visto ontem em casa de Gabrielle. Isso fará subir os fundos, ela fará a sua jogada de bolsa em conformidade e perderá certamente quando Beauchamp escrever no dia seguinte no seu jornal: «É sem fundamento que as pessoas bem informadas afirmam que o rei Henrique IV foi visto anteontem em casa de Gabrielle. Essa notícia é completamente inexacta; o rei Henrique IV não saiu da Ponte Nova.
Lucien desatou a rir desdenhosamente. Mas Monte-Cristo, embora aparentando indiferença, não perdera uma palavra do diálogo e o seu olhar perscrutador julgara mesmo ter descoberto um segredo no embaraço do secretário particular.
E em consequência desse embaraço, que escapara completamente a Albert, Lucien abreviou a sua visita. Sentia-se evidentemente pouco à vontade. Ao acompanhá-lo à saída, o conde disse-lhe algumas palavras em voz baixa, às quais ele respondeu:
- Com muito gosto, Sr. Conde. Aceito.
O conde voltou para junto do jovem Morcerf
- Não acha, pensando melhor - disse-lhe -, que fez mal em falar como falou da sua sogra diante do Sr. Debray?
- Por favor, conde - pediu Morcerf -, suplico-lhe que não diga antecipadamente essa palavra.