O Conde de Monte Cristo - Cap. 54: A alta e a baixa Pág. 536 / 1080

- Hoje é terça-feira; se partirmos amanhã à tarde, depois de amanhã estaremos em Tréport... Sabe, Sr. Conde, que é um homem encantador por pôr assim as pessoas à vontade?

- Eu? Na realidade, dá-me mais valor do que aquele que tenho. Desejo ser-lhe agradável e mais nada.

- Em que dia faz os convites?

- Hoje mesmo.

- Muito bem! Corro a casa do Sr. Danglars e anuncio-lhe que saímos de Paris amanhã, minha mãe e eu. Como não o vi não sei nada do seu jantar.

- Não diga disparates! E o Sr. Debray, que acaba de o ver cá em casa?

- Tem razão!

- Pelo contrário, esteve cá e eu convidei-o aqui, sem cerimónia, mas o senhor respondeu-me muito simplesmente que não podia aceitar o convite porque partia para Tréport.

- Pronto, está combinado! Mas irá visitar a minha mãe ainda hoje?

- Ainda hoje é difícil. Além disso, iria cair no meio dos seus preparativos de partida.

- Faça então melhor do que isso. Por ora é apenas um homem encantador, seja um homem adorável...

- Que tenho de fazer para alcançar essa sublimidade?

- Que tem de fazer?

- É o que pergunto.

- Hoje está livre como o ar; venha jantar comigo. Será um jantar íntimo, apenas com o senhor, a minha mãe e eu. Mal viu a minha mãe; assim terá ensejo de a ver de perto. É uma mulher notabilíssima e só lamento uma coisa: que não exista outra igual com menos vinte anos. Haveria brevemente, juro-lhe, uma condessa e uma viscondessa de Morcerf. Quanto ao meu pai, não o encontrará. Está de serviço esta noite e janta com o referendário-mor. Vá, falaremos de viagens. O senhor, que já viu o mundo inteiro, contar-nos-á as suas aventuras, a história dessa bela grega que estava na outra noite consigo na ópera, a quem chama sua escrava, mas que trata como uma princesa. Falaremos em italiano e espanhol. Vamos, aceite; a minha mãe agradecer-lhe-á.

- Mil agradecimentos - respondeu o conde. - O convite é dos mais cativantes e lamento vivamente não o poder aceitar. Não estou livre, como pensa; tenho, pelo contrário, um encontro importante.

- Cautela! Ensinou-me há pouco como, a propósito de um jantar, nos podemos descartar de uma coisa desagradável. Quero uma prova. Felizmente não sou banqueiro como o Sr. Danglars, mas previno-o de que sou tão incrédulo como ele.

- Vou dar-ma - disse o conde.

E tocou.

- Hum!... murmurou Morcerf. - Já por duas vezes recusou jantar com a minha mãe... Tem alguma coisa contra ela, conde?

Monte-Cristo estremeceu.

- Não diga isso - redarguiu. - Aliás, aí está a minha prova.

Baptistin entrou e ficou junto da porta, de pé e à espera.

- Não estava prevenido da sua visita, pois não?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069