O Conde de Monte Cristo - Cap. 54: A alta e a baixa Pág. 538 / 1080

- Mudou portanto de ideias a meu respeito o seu amigo Franz?

- Pelo contrário, persiste em considerá-lo fantástico no mais alto grau. Por isso sente a sua falta.

- Encantador rapaz! - exclamou Monte-Cristo. - Senti viva simpatia por ele logo na primeira noite em que o vi à procura de qualquer coisa para cear e se dignou aceitar comer comigo. E filho do general de Epinay, não é?

- Exactamente.

- O mesmo que foi miseravelmente assassinado em 1815?

- Pelos bonapartistas.

- É isso! Palavra que gosto muito dele. Não há também projectos de casamento para ele?

- Há. Deve casar com Mademoiselle de Villefort.

- Deveras? - Tal como eu devo casar com Mademoiselle Danglars - redarguiu Albert, rindo.

- O senhor ri

- Pois rio.

- Porque ri?

- Rio porque me parece ver desse lado tanta simpatia pelo casamento como existe deste lado entre Mademoiselle Danglars e eu. Mas realmente, meu caro conde, estamos a falar de mulheres como as mulheres falam de homens; é imperdoável!

Albert levantou-se.

- Vai-se embora?

- A pergunta é boa! Há duas horas que o maço e ainda tem a delicadeza de me perguntar se me vou embora! Na verdade, conde, o senhor é o homem mais cortês do mundo. E os seus criados, como estão bem treinados! O Sr. Baptistin, sobretudo. Nunca vi nenhum como ele. Os meus parecem seguir todos o exemplo dos do Teatro Francês, que precisamente por só terem uma palavra a dizer vêm sempre dizê-la na ribalta. Portanto, se se desfizer do Sr. Baptistin, peço-lhe que se lembre de mim e me dê a preferência.

- Pois sim, visconde.

- Não é tudo, espere. Dê os meus cumprimentos ao seu discreto lucano, ao Sr. Cavalcante dei Cavalcanti. E se por acaso ele pretender casar o filho, arranje-lhe uma mulher muito rica e muito nobre, pelo menos pelo lado da mãe, e muito baronesapelo lado do pai... Ajudá-lo-ei nisso, se quiser.

- Oh, oh! - exclamou o conde de Monte-Cristo. - Então as coisas já chegaram a esse ponto?

- Já.

- Bom, não quero prometer nada...

- Ah, conde, que favor me prestaria e como o estimaria cem vezes ainda mais se, graças a si, ficasse solteiro nem que fosse só mais dez anos! - exclamou Morcerf

- Tudo é possível - respondeu gravemente Monte-Cristo.

E despedindo-se de Albert voltou para dentro e tocou três vezes a campainha.

Bertuccio apareceu.

- Sr. Bertuccio, tome nota de que recebo no sábado na minha casa de Auteuil.

Bertuccio estremeceu levemente.

- Muito bem, senhor.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069