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Capítulo 55: O major Cavalcanti

Página 543

Baptistin saiu.

- Na verdade - disse o lucano -, estou a dar-lhe tanto incómodo que me sinto constrangido...

- Não tem importância! - redarguiu Monte-Cristo.

Baptistin regressou com os copos, o vinho e os biscoitos.

O conde encheu um copo e deitou no segundo apenas algumas gotas do líquido cor de rubi que continha a garrafa, toda coberta de teias de aranha e doutros sinais que indicavam a velhice do vinho muito mais seguramente do que as rugas no homem.

O major não se enganou ao tirar o copo; pegou no que estava cheio e serviu-se de um biscoito.

O conde ordenou a Baptistin que deixasse a bandeja ao alcance da mão do seu hóspede, que começou por saborear o alicante com a ponta dos lábios, fez uma careta de satisfação e meteu delicadamente o biscoito no copo.

- Portanto, senhor - disse Monte-Cristo -, reside em Luca, é rico, é nobre, goza da consideração geral e possui tudo o que pode fazer um homem feliz.

- Tudo, Excelência - admitiu o major, engolindo o seu biscoito. - Absolutamente tudo.

- E só faltava uma coisa para a sua felicidade?

- É verdade, só uma - respondeu o lucano.

- Encontrar o seu filho?

- Sim, também me faltava isso! - exclamou o major, tirando segundo biscoito.

O digno lucano levantou os olhos ao Céu e fez um esforço para suspirar.

- Vejamos agora uma coisa, meu caro Sr. Cavalcanti - disse Monte-Cristo. - De quem era esse filho tão chorado? Porque me disseram que o senhor era solteiro...

- Era o que se julgava, senhor - respondeu o major -, e eu próprio...

- Sim - prosseguiu Monte-Cristo -, e o senhor próprio acreditara nesse boato. Um pecado da juventude que ocultou a todos os olhos.

O lucano endireitou-se, tomou o seu ar mais calmo e mais digno e baixou ao mesmo tempo modestamente os olhos, quer para manter a sua atitude, quer para ajudar a sua imaginação ou observar por baixo o conde, cujo sorriso estereotipado nos lábios manifestava sempre a mesma benevolente curiosidade.

- É verdade, senhor, desejava ocultar essa falta a todos os olhos.

- Não por si, claro - observou Monte-Cristo -, porque um homem está acima dessas coisas.

- Oh, não por mim, certamente! - reconheceu o major, sorrindo e abanando a cabeça.

- Mas pela mãe do seu filho - disse o conde.

- Sim, pela sua mãe! - exclamou o lucano, tirando terceiro biscoito. - Pela sua pobre mãe!

- Beba, caro Sr. Cavalcanti - disse Monte-Cristo, deitando ao lucano segundo copo de alicante. - A comoção sufoca-o.

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pág. 543 (Capítulo 55)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 543

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069