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Capítulo 57: O campo de Luzerna

Página 563
Oh, perdoe-me! - continuou a jovem, ao ver a impressão que as suas palavras causavam a Maximilien. - Sou má e estou para aqui a dizer-lhe acerca desse homem coisas que nem sequer sabia ter no coração. Olhe, não nego que essa influência de que fala existe e que ele a exerce também sobre mim; mas exerce-a de uma maneira nociva e corruptora de bons pensamentos, como vê.

- Está bem, Valentine, não falemos mais disso - redarguiu Morrel, suspirando. - Não lhe direi nada.

- Que infelicidade a minha, meu amigo, aflijo-o, bem vejo! - exclamou Valentine. - Oh, não poder apertar-lhe a mão e pedir-lhe perdão! Mas enfim, não pretendo mais do que ser convencida... Diga-me, que fez por si esse conde de Monte-Cristo?

- Embaraça-me muito, confesso-lhe, Valentine, perguntando-me o que fez o conde por mim. Ostensivamente, nada, bem sei. Por isso, como já lhe disse, a minha atenção por ele é absolutamente instintiva e não tem nada de racional. O Sol fez-me porventura alguma coisa? Não. Apenas me aquece e é à sua luz que a vejo, Valentine. Tal ou tal perfume fez alguma coisa por mim? Não. Mas o seu aroma impressiona agradavelmente um dos meus sentidos. Não posso responder mais nada quando me perguntam porque elogio esse perfume. A minha amizade por ele é tão estranha como a sua por mim. Uma voz íntima diz-me que há mais do que acaso nesta amizade imprevista e recíproca. Encontro correlação até nas suas mais simples acções, até nos seus mais secretos pensamentos, com as minhas acções e os meus pensamentos. Vai rir novamente de mim, Valentine, mas desde que conheço esse homem meteu-se-me na cabeça a ideia absurda de que tudo o que me acontece provem dele. No entanto, vivi trinta anos sem necessitar de semelhante protector, não é verdade! Não importa. Olhe, por exemplo: convidou-me para jantar, no sábado, o que é natural no ponto em que as nossas relações se encontram, não acha? Imagina o que soube depois? O seu pai está convidado para esse jantar e a sua madrasta também. Encontrar-me-ei lá com eles e quem sabe o que resultará no futuro desse encontro? Aparentemente, trata-se de tudo quanto há de mais simples; contudo, vejo nisso algo que me espanta, mas em que deposito uma confiança estranha. Digo para comigo que o conde, esse homem singular que adivinha tudo, quis que me encontrasse com o Sr. e a Sr.ª de Villefort, e às vezes procuro, juro-lhe, ler nos seus olhos se ele adivinhou o meu amor.

- Meu bom amigo - disse Valentine -, tomá-lo-ia por um visionário e recearia sinceramente pelo seu bom senso se apenas lhe ouvisse semelhantes raciocínios. O quê, vê outra coisa a não ser o acaso nesse encontro?! Vamos, reflicta.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 563

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069