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Capítulo 58: O Sr. Noirtier de Villefort

Página 568
Só nos resta portanto dizer-lhe o nome do rapaz que lhe está destinado. Trata-se de um dos mais respeitáveis partidos a que Valentine poderia aspirar: é rico, possui um belo nome... enfim, aquele que lhe destinamos dá garantias perfeitas de felicidade, tanto pelo seu comportamento como pelos seus gostos. Aliás, o seu nome não lhe deve ser desconhecido. Trata-se do Sr. Franz de Quesnel, barão de Epinay.

Enquanto a mulher fazia o seu discursozinho, Villefort cravava no velho um olhar mais atento do que nunca. Quando a Sr.ª de Villefort pronunciou o nome de Franz, os olhos de Noirtier, que o filho conhecia tão bem, tremeram e as pálpebras, dilatando-se como o fariam lábios para deixar passar palavras, deixaram passar um relâmpago.

O procurador régio, que conhecia as antigas relações de inimizade pública existentes entre o pai e o pai de Franz, compreendeu aquele estremecimento e aquela agitação; fez porém de conta que não dera por nada e disse, retomando a palavra onde a mulher a deixara:

- Senhor, é importante, como bem compreende, que Valentine se case finalmente, pois está quase a fazer dezanove anos. No entanto, não nos temos esquecido do senhor nas conferências e assegurámo-nos antecipadamente de que o marido de Valentine aceitará, senão viver junto de nós, que talvez incomodássemos um jovem casal, pelo menos que o senhor, a quem Valentine ama especialmente e à qual o senhor parece retribuir essa afeição, viva junto deles, de forma a não ter de alterar nenhum dos seus hábitos e ficar apenas com dois filhos em vez de um para olhar por si

O brilho do olhar de Noirtier tornou-se cruel.

Sem dúvida nenhuma passava-se algo horrível na alma do velho; sem dúvida nenhuma subia-lhe à garganta um grito de dor e de cólera que, na impossibilidade de explodir, o sufocava, pois o seu rosto purpureou-se e os seus lábios tornaram-se azuis.

Villefort abriu tranquilamente uma janela e comentou:

- Está muito calor aqui e este calor faz mal ao Sr. Noirtier.

Depois voltou a aproximar-se do pai, mas não se sentou.

- O casamento - acrescentou a Sr.ª de Villefort - é muito do agrado do Sr. de Epinay e da sua família. Aliás, a sua família compõe-se apenas de um tio e uma tia. Como a mãe morreu ao dá-lo à luz e o pai foi assassinado em 1815, isto é, quando o filho contava apenas dois anos, ele não tem de dar conta dos seus actos a ninguém.

- Assassínio misterioso - salientou Villefort - e cujos autores ficaram no anonimato, embora a suspeita tenha pairado, sem se abater, sobre a cabeça de muita gente...

Noirtier fez tal esforço que os seus lábios se contraíram como que para sorrir.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 568

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069