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Capítulo 8: O Castelo de If

Página 59
A um grito soltado do barco a corrente que fechava o porto desceu e Dantès encontrou-se no chamado Frioul, isto é, fora do porto.

O primeiro impulso do prisioneiro ao ver-se ao ar livre fora um impulso de alegria. O ar era quase a liberdade. Respirou, pois, a plenos pulmões aquela brisa fresca, que trazia nas asas todos

Os aromas desconhecidos da noite e do mar. Não tardou, porém, a soltar um suspiro ao passar diante da Réserve, onde fora tão feliz naquela mesma manhã, durante a hora que precedera a sua prisão. Através de duas janelas abertas chegava até ele o barulho alegre de um baile.

Dantès juntou as mãos, ergueu os olhos ao céu e rezou.

O escaler continuava a sua rota. Ultrapassara a Caveira e estava defronte da enseada do Pharo. Ia contornar a bateria, o que era uma manobra incompreensível para Dantès.

- Para onde me levam? - perguntou a um dos gendarmes.

– Em breve o saberá

- Mas então...

- Estamos proibidos de lhe dar qualquer explicação.

Dantès era meio soldado. Interrogar subordinados aos quais fora proibido responder pareceu-lhe uma coisa absurda e por isso calou-se.

Então, acudiram-lhe ao espírito os pensamentos mais estranhos. Como se não podia fazer grande viagem em semelhante barco e não havia nenhum navio ancorado do lado para onde se dirigiam, pensou que o iam desembarcar num ponto afastado da costa e dizer-lhe que estava livre. Não se encontrava amarrado nem tinham feito qualquer tentativa para o algemar, o que lhe parecia de bom augúrio. Aliás, não lhe dissera o substituto, que tão bom fora para ele, que contanto que não pronunciasse o nome fatal de Noirtier nada tinha a temer? Não destruíra Villefort, na sua presença, aquela carta perigosa, única prova existente contra ele?

Esperou, pois, mudo e pensativo, procurando devassar com os olhos de marinheiro conhecedor das trevas e habituado ao espaço a escuridão da noite.

Tinham deixado à direita a ilha Ratonneau, onde ardia um farol, e, seguindo quase ao longo da costa, haviam chegado à altura da enseada dos Catalães. Ali, os olhares do prisioneiro tornaram-se mais perscrutadores, era ali que estava Mercédès, e parecia-lhe

A cada instante ver desenhar-se na margem sombria a forma vaga e indecisa de uma mulher.

Porque não diria um pressentimento a Mercédès que o seu apaixonado passava a trezentos passos dela?

Brilhava uma única luz nos Catalães. Observando a posição dessa luz, Dantès reconheceu que ela iluminava o quarto da noiva.

Mercédès era a única que velava em toda a coloniazinha. Se gritasse com força, o jovem poderia fazer-se ouvir pela noiva.

Uma vergonha injustificada conteve-o.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069