Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: O Castelo de If

Página 62

Um barqueiro saltou para a rocha que a proa da embarcação acabava de tocar, uma corda chiou ao desenrolar-se à volta de um moitão e Dantès compreendeu que tinham chegado e amarravam o barco.

Com efeito, os guardas, que o seguravam ao mesmo tempo pelos braços e pela gola da veste, obrigaram-no a levantar-se e a desembarcar e arrastaram-no para os degraus que subiam até à porta da cidadela, enquanto o polícia, armado com um mosquetão de baioneta calada, seguia atrás dele.

Aliás, Dantès não esboçou sequer uma resistência que seria inútil: a sua lentidão devia-se mais à inércia do que à oposição.

Estava aturdido e cambaleava como um ébrio. Viu de novo os soldados escalonarem-se nos taludes íngremes, sentiu os degraus obrigarem-no a levantar os pés e notou que transpunha uma porta e que essa porta se fechava atrás de si, mas tudo isto maquinalmente, como que através de um nevoeiro, sem nada distinguir de positivo. Já nem sequer via o mar, essa dor imensa dos prisioneiros, que olham o espaço com o sentimento terrível de que são impotentes para o transpor.

Houve um breve alto, durante o qual procurou concentrar ideias.

Olhou à sua volta: estava num pátio quadrado, formado por quatro altas muralhas. Ouvia-se o passo lento e regular das sentinelas e todas as vezes que passavam diante dos dois ou três reflexos que projetavam nas muralhas o clarão de duas ou três luzes que brilhavam no interior do castelo via-se cintilar o cano das suas espingardas.

Esperaram ali dez minutos, pouco mais ou menos. Certos de que Dantès já não podia fugir, os gendarmes tinham-no largado. Pareciam esperar ordens. Essas ordens chegaram.

- Onde está o prisioneiro? - perguntou uma voz.

- Está aqui - responderam os gendarmes.

- Que venha comigo; vou conduzi-lo ao seu alojamento.

- Vá - disseram os gendarmes, empurrando Dantès.

O prisioneiro seguiu o indivíduo, que o conduziu efetivamente a uma sala quase subterrânea cujas paredes nuas e suadas pareciam impregnadas de um vapor de lágrimas. Uma espécie de lampião pousado num banco e cuja mecha nadava numa gordura fétida iluminava as paredes luzidias da horrível sala e mostrava a Dantès o seu acompanhante, espécie de carcereiro subalterno, mal vestido e de cara desagradável.

- Aqui tem o seu quarto para esta noite - informou. - É tarde e o Sr. Governador está deitado. Amanhã, quando acordar e tomar conhecimento das ordens que lhe dizem respeito, talvez o mude de instalação. Entretanto, aqui tem pão. Há água naquela bilha e palha ali ao canto. É tudo o que um prisioneiro pode desejar. Boas noites.

<< Página Anterior

pág. 62 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 62

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069