O Conde de Monte Cristo - Cap. 66: Projetos de casamento Pág. 634 / 1080

- Muito pouca, pelo menos. Pela minha parte, só conheço a Cavalcanti o seu palácio de Luca.

- Ah, ele tem um palácio! - exclamou, rindo, Danglars. - Já é qualquer coisa.

- Pois é, embora o tenha alugado ao ministro das Finanças, enquanto ele mora num casinhoto. Oh, mas como já lhe disse, creio que o homenzinho é um avarento!

- Então, então, não seja tão severo...

- Ouça, eu mal o conheço. Creio tê-lo visto três vezes na minha vida. O que sei a seu respeito é por intermédio do abade Busoni e por ele mesmo. Falava-me esta manhã dos seus projectos acerca do filho e deixava-me entrever que, farto de ver dormir fundos consideráveis em Itália, que é um país morto, gostaria de encontrar maneira, quer em França, quer em Inglaterra, de fazer frutificar os seus milhões. Mas tome sempre bem nota que, embora tenha a maior confiança no abade Busoni, pessoalmente não garanto nada.

- Não importa. Obrigado pelo cliente que me arranjou. Trata-se de um belíssimo nome a inscrever nos meus registos, e o meu tesoureiro, a quem expliquei quem eram os Cavalcanti, ficou todo orgulhoso. A propósito, e isto não passa de um simples pormenor sem importância, quando essa gente casa os filhos dá-lhes dote?

- Meu Deus, é conforme! Conheci um príncipe italiano, rico como uma mina de ouro, um dos primeiros nomes da Toscana, que quando os filhos casavam a seu gosto lhes dava milhões, e quando casavam contra sua vontade se limitava a conceder-lhes uma mesada de trinta escudos por mês. Admitamos que Andrea casa de acordo com os desejos do pai; talvez este lhe dê um, dois ou três milhões. E se casasse com a filha de um banqueiro, por exemplo, talvez adquirisse uma quota na casa do sogro do filho...

» Mas suponha também que a nora lhe desagradava: adeus, minhas encomendas, o pai Cavalcanti pegava na chave do cofre, dava-lhe duas voltas na fechadura e mestre Andrea via-se obrigado a viver como um filho-família parisiense, marcando cartas ou viciando dados.

- Esse rapaz encontrará uma princesa bávara ou peruana. Ambicionará uma coroa fechada, um Eldorado atravessado pelo Potosi.

- Não, todos os grandes senhores do outro lado dos montes casam frequentemente com simples mortais. São como Júpiter, gostam de cruzar as raças. Mas diga-me cá, meu caro Sr. Danglars: é por pretender casar Andrea que me faz todas essas perguntas?...

- Confesso - respondeu Danglars - que não me parece má especulação. E eu sou um especulador...

- Presumo que não seja com Mademoiselle Danglars... Decerto não quereria ver o pobre Andrea degolado por Albert...

- Albert? - exclamou Danglars, encolhendo os ombros. Bem se preocuparia ele com isso!

- Mas, se me não engano, trata-se do noivo da sua filha...





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069