O Conde de Monte Cristo - Cap. 68: Um baile de Verão Pág. 650 / 1080

- Mas o Sr. de Epinay não se parece consigo; aceita a sua cruz com paciência.

- Mais do que isso, toma-a a sério. Usa gravatas brancas e fala já da sua família. De resto, tem uma grande consideração pelos Villeforts.

- Merecida, não é verdade? - Creio que sim. O Sr. de Villefort sempre foi considerado um homem severo, mas justo.

- Até que enfim! - exclamou Monte-Cristo. - Haja ao menos um que o senhor não trate como o pobre Sr. Danglars!...

- Talvez isso se deva ao facto de não ser obrigado a casar com a sua filha - respondeu Albert, rindo.

- Na verdade, meu caro senhor, acho-o de uma fatuidade revoltante - declarou Monte-Cristo.

- Eu?

- Sim, o senhor. Mas tome um charuto.

- Com muito prazer. E por que motivo sou fátuo?

- Porque está para ai a defender-se, a debater-se para não casar com Mademoiselle Danglars. Meu Deus, deixe as coisas correr e talvez não seja o primeiro a retirar a sua palavra! - Ora, ora! - exclamou Albert, de olhos muito abertos.

- Que diabo, Sr. Visconde, no fim de contas decerto ninguém lhe porá a corda ao pescoço! Falemos seriamente - prosseguiu Monte-Cristo mudando de intonação - apetece-lhe romper?

- Daria cem mil francos para isso.

- Pronto, seja feliz: o Sr. Danglars está disposto a dar o dobro para atingir o mesmo fim.

- Isso é verdade, essa sorte? - perguntou Albert, que, no entanto, ao proferir estas palavras, não pôde evitar que uma sombra imperceptível lhe passasse pela fronte. - Mas, meu caro conde, o Sr. Danglars tem motivos para isso?

- Ora aí está, natureza orgulhosa e egoísta! Até que enfim encontro o homem que quer destruir o amor-próprio de outrem à machadada, mas que protesta quando lhe picam o seu com uma agulha!

- Não! Mas é que me parece que o Sr. Danglars...

- Deveria estar encantado com o senhor, não é? Pois bem, o Sr. Danglars é um homem de mau gosto, como se sabe, e está ainda mais encantado com outro...

- Com quem?

- Não sei. Examine, observe, procure ouvir as alusões à passagem dele e tire disso o melhor partido que puder.

- Compreendo. Ouça, a minha mãe... Não, estou enganado, não foi a minha mãe! O meu pai teve a ideia de dar um baile...

- Um baile nesta altura do ano?

- Os bailes de Verão estão na moda.

- Se não estivessem, bastaria a condessa querer para estarem.

- Talvez. Compreende, são bailes «puro-sangue». Aqueles que ficam em Paris em Julho são verdadeiros parisienses. Quer encarregar-se de um convite para os Srs. Cavalcanti?

- Daqui a quantos dias se realiza o seu baile?

- No sábado.

- Já o Sr. Cavalcanti pai terá partido.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069