- Mas o Sr. Cavalcanti filho fica. Quer encarregar-se de levar o Sr. Cavalcanti filho?
- Ouça, visconde, eu não o conheço...
- Não o conhece?
- Não. Vi-o pela primeira vez há três ou quatro dias e não respondo por ele em nada.
- Mas o senhor recebe-o bem!
- Comigo é outra coisa. Foi-me recomendado por um excelente abade, que no entanto pode muito bem ter sido ele próprio enganado. Convide-o directamente, se quiser, mas não me peça que lho apresente. Se mais tarde casasse com Mademoiselle Danglars, o senhor acusar-me-ia de manejos e quereria bater-se comigo. De resto, não sei se eu mesmo irei
- Aonde?
- Ao seu baile.
- Porque não iria?
- Primeiro porque o senhor ainda me não convidou...
- Vim cá de propósito trazer-lhe pessoalmente o seu convite.
- Oh, que amabilidade! Mas posso ter qualquer impedimento.
- Quando lhe disser uma coisa, creio que será suficiente amável para nos sacrificar todos os impedimentos.
- Diga.
- A minha mãe pede-lhe que vá.
- A Sr.ª Condessa de Morcerf? - perguntou Monte-Cristo, estremecendo.
- Ah, conde - disse Albert -, previno-o de que a Sr.ª de Morcerf conversa livremente comigo! E se o senhor não sentiu ainda vibrar em si as fibras simpáticas de que lhe falava há pouco, é porque essas fibras lhe faltam completamente, pois durante quatro dias só falámos do senhor.
- De mim? Na verdade, confunde-me!
- Privilégio do seu comportamento. Quando se é um problema vivo...
- Ah! Sou portanto também um problema para a sua mãe?... Para ser franco, julgava-a demasiado sensata para se dedicar a semelhantes fantasias!
- Problema, meu caro conde, problema para todos, tanto para a minha mãe como para os outros; problema aceite, mas não adivinhado, pois o senhor continua a ser um enigma. Tranquilize-se: a minha mãe apenas se interroga constantemente como é possível que o senhor seja tão novo. Creio que no fundo, enquanto a condessa G... o toma por Lorde Ruthwen, a minha mãe toma-o por Cagliostro ou pelo conde de Saint-Germain. A primeira vez que vir a Sr.ª de Morcerf, confirme-lhe essa opinião. Não lhe será difícil, pois possui a pedra filosofal de um e o espírito do outro.
- Agradeço-lhe ter-me prevenido - redarguiu o conde, sorrindo. - Procurarei pôr-me em condições de enfrentar todas as hipóteses.
- Portanto, irá no sábado?
- Se a Sr.ª de Morcerf mo pede...
- É muito amável.
- E o Sr. Danglars?
- Oh, já recebeu o triplo convite! O meu pai encarregou-se disso. Procuraremos ter também o grande Aguesseau, ou seja, o Sr. de Villefort, mas duvido.
- Nunca se deve duvidar de nada, diz o provérbio.
- Dança, caro conde?
- Eu?