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Capítulo 73: A promessa

Página 695

Villefort pegou na mão do médico.

- Oh, é impossível! - exclamou. - Sonho, meu Deus! Sonho! É horrível ouvir dizer semelhantes coisas por um homem como o senhor! Em nome do Céu, suplico-lhe, caro doutor, que me diga que pode estar enganado!

- Sem dúvida que posso, mas...

- Mas?...

- Mas não creio.

- Doutor, tenha compaixão de mim. Há alguns dias acontecem-me tantas coisas inauditas que creio na possibilidade de enlouquecer.

- Mais alguém além de mim viu a Sr.ª de Saint-Méran?

- Ninguém.

- Mandaram aviar à farmácia alguma receita que me não tenham mostrado?

- Nenhuma.

- A Sr.ª de Saint-Méran tinha inimigos?

- Nunca lhos conheci

- Alguém tinha interesse na sua morte?

- Não, meu Deus, não! A minha filha é a sua única herdeira. Valentine sozinha... Oh, se semelhante pensamento me assaltasse apunhalar-me-ia para castigar o meu coração por ter sido capaz de abrigar um só instante tal pensamento!

- Deus não permita, caro amigo - redarguiu o Sr. de Avrigny -, que não tenha de acusar alguém! Refiro-me apenas a um acidente, compreende? A um erro. Mas acidente ou erro, o facto aí está a falar em voz baixa à minha consciência e a exigir que a minha consciência lhe fale em voz alta. Informe-se.

- Com quem? Como? De quê?

- Vejamos: Barrois, o criado velho, não se teria enganado e dado à Sr.ª de Saint-Méran alguma poção preparada para o seu amo?

- Para o meu pai?

- Sim.

- Mas como poderia uma poção preparada para o Sr. Noirtier envenenar a Sr.ª de Saint-Méran?

- Nada mais simples: como sabe, em certas doenças os venenos actuam como um remédio. A paralisia é uma dessas doenças. Há cerca de três meses, depois de ter empregado tudo para restituir o movimento e a palavra ao Sr. Noirtier, decidi tentar um último meio; há três meses, repito, que o trato com brucina. Assim, na última poção que lhe receitei entravam seis centigramas de brucina; seis centigramas sem acção sobre os órgãos paralisados do Sr. Noirtier, e aos quais aliás ele se acostumou por meio de doses sucessivas, seis centigramas bastam para matar qualquer outra pessoa que não seja ele.

- Meu caro doutor, não há nenhuma comunicação entre os aposentos do Sr. Noirtier e os da Sr.ª de Saint-Méran, e nunca Barrois entraria no quarto da minha sogra. Enfim, doutor, permita-me que lhe diga que, embora o considere o homem mais competente e sobretudo mais consciencioso do mundo, embora em todas as circunstâncias a sua palavra seja para mim, uma luz que me guia, à semelhança da luz do Sol, pois bem, doutor, pois bem... apesar dessa convicção, necessito de me apoiar neste axioma: errare humanum est.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 695

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069