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Capítulo 73: A promessa

Página 696

- Escute, Villefort - replicou o médico -, existe algum colega meu em quem tenha tanta confiança como em mim?

- Porque pergunta isso? Aonde quer chegar?

- Chame-o, dir-lhe-ei o que vi, o que notei, e faremos a autópsia.

- E encontrarão vestígios do veneno?

- Não, do veneno, não; não disse isso. Mas verificaremos a irritação do sistema nervoso, reconheceremos a asfixia patente, incontestável, e dir-lhe-emos: «Caro Villefort, se foi por negligência que o caso aconteceu, vigie os seus criados; se foi por ódio, vigie os seus inimigos.»

- Oh, meu Deus, que me está a propor, Avrigny?! - respondeu Villefort, abatido. - A partir do momento em que haja outro, além do senhor, metido no segredo, impor-se-á proceder a um inquérito, e um inquérito em minha casa é impossível! No entanto - prosseguiu o procurador régio, contendo-se e olhando o médico com inquietação -, no entanto, se quer, se o exige absolutamente, fá-lo-ei. Com efeito, talvez deva dar seguimento ao caso... O meu cargo impõe-mo. Mas, doutor, semelhante ideia aflige-me e entristece-me antecipadamente, como vê: introduzir na minha casa tanto escândalo depois de tanta dor... Oh, a minha mulher e a minha filha morreriam! E eu, eu, doutor, o senhor bem sabe que um homem não chega aonde eu cheguei, um homem não é procurador régio durante vinte e cinco anos sem ter arranjado bom número de inimigos. Os meus são numerosos. Este caso, uma vez divulgado, será para eles um triunfo que os fará pular de alegria e a mim me cobrirá de vergonha. Doutor, desculpe-me estas ideias mundanas. Se o senhor fosse um padre, não ousaria dizer-lhe isto; mas o senhor é um homem e conhece os outros homens. Doutor, doutor, o senhor não me disse nada, não é verdade?

- Meu caro Sr. de Villefort - respondeu o médico, abalado -, o meu primeiro dever é a humanidade. Teria salvado a Sr.ª de Saint-Méran se a ciência a pudesse salvar, mas ela está morta e eu devo-me aos vivos. Sepultemos no mais profundo dos nossos corações esse terrível segredo. Se os olhos de alguém se abrirem a tal respeito, permitirei que se impute à minha ignorância o silêncio que guardarei. Entretanto, senhor, continue a procurar, procure activamente, pois talvez as coisas não fiquem por ai... E quando descobrir o culpado, se o descobrir, serei eu que lhe direi: “O senhor é um magistrado, faça o que quiser.”

- Oh, obrigado, obrigado, doutor! - exclamou Villefort, com indizível alegria. - Nunca tive melhor amigo do que o senhor.

E como se temesse que o Sr. de Avrigny voltasse com a palavra atrás, levantou-se e arrastou o médico para os lados da casa.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 696

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069