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Capítulo 78: Escrevem-nos de Janina

Página 751

Morcerf esperava, após estas palavras, ver abrir-se o rosto do banqueiro, cujo ar carrancudo atribuía ao silêncio que mantivera até ali; mas, pelo contrário, o rosto do banqueiro tornou-se, o que era quase incrível, ainda mais impassível e frio.

Por isso, Morcerf parara no meio da frase.

- Quais palavras, Sr. Conde? - perguntou o banqueiro, como se procurasse em vão no seu espírito a explicação do que o general queria dizer.

- Oh, é formalista, meu caro senhor, e lembra-me que o cerimonial deve obedecer a todos os ritos! - redarguiu o conde. - Muito bem! Perdoe-me, mas como só tenho um filho e é a primeira vez que penso em casá-lo, estou ainda a aprender. Vamos, desculpe-me.

E Morcerf, com um sorriso forçado, levantou-se, fez uma profunda reverência a Danglars e disse-lhe:

- Sr. Barão, tenho a honra de lhe pedir a mão de Mademoiselle Eugénie Danglars, sua filha, para o meu filho, o visconde Albert de Morcerf.

Mas Danglars, em vez de acolher estas palavras com a satisfação que Morcerf devia esperar dele, franziu o sobrolho e, sem convidar o conde, que estava de pé, a sentar-se, redarguiu:

- Sr. Conde, preciso de reflectir antes de lhe responder.

- De reflectir! - exclamou Morcerf, cada vez mais atónito. - Não teve tempo de reflectir desde que há perto de oito anos falámos deste casamento pela primeira vez?

- Sr. conde - disse Danglars -, todos os dias acontecem coisas que levam a que as reflexões que se julgavam feitas tenham de ser revistas.

- Como? - perguntou Morcerf. - Cada vez o compreendo menos, barão!

- Quero dizer, senhor, que há quinze dias, novas circunstâncias...

- Um momento - atalhou Morcerf. - Estamos ou não estamos a desempenhar uma comédia?

- Ora essa, uma comédia?...

- Sim, expliquemo-nos categoricamente.

- Não quero outra coisa.

- Falou com o Sr. de Monte-Cristo!

- Falo com ele muitas vezes - respondeu Danglars, sacudindo as pregas do peitilho. - É um dos meus amigos.

- Pois numa das últimas vezes que falou com ele disse-lhe que eu parecia esquecido, irresoluto, a respeito do casamento.

- É verdade.

- Por isso aqui estou. Não sou nem esquecido nem irresoluto, como vê, pois venho convidá-lo a cumprir a sua promessa.

Danglars não respondeu.

- Mudou assim tão depressa de opinião ou provocou o meu pedido apenas para ter o prazer de me humilhar? - quis saber Morcerf.

Danglars compreendeu que, se continuasse a conversa naquele tom, o caso poderia tomar mau aspecto para si.

- Sr. Conde - disse -, tem razão em estar surpreendido com a minha reserva. Compreendo isso e creia que sou o primeiro a lamentá-lo. Mas a minha atitude é-me imposta por circunstâncias imperiosas.

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pág. 751 (Capítulo 78)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 751

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069