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Capítulo 78: Escrevem-nos de Janina

Página 752

- Isso são desculpas de mau pagador, meu caro senhor, com que talvez se contentasse qualquer pobre-diabo. Mas o conde de Morcerf não é um pobre-diabo. E quando um homem como ele vem procurar outro homem e lembrar-lhe a palavra dada, e esse homem falta à sua palavra, tem o direito de exigir que lhe dêem ao menos uma boa razão.

Danglars era cobarde, mas não o queria parecer, e sentiu-se picado pelo tom que Morcerf acabava de tomar.

- Também não é a boa razão que me falta - replicou.

- Que pretende dizer?

- Que tenho essa boa razão, mas que é difícil de dá-la.

- Vê no entanto - redarguiu Morcerf - que não posso contentar-me com as suas reticências. Em todo o caso, uma coisa me parece clara: que recusa a minha aliança.

- Não, senhor - contrapôs Danglars. - suspendo apenas a minha resolução.

- Suponho, porém, que não tem a pretensão de crer que me submeto aos seus caprichos a ponto de esperar tranquila e humildemente que me volte a conceder as suas boas graças?...

- Nesse caso, Sr. Conde, se não pode esperar, consideremos os nossos projectos anulados.

O conde mordeu os lábios até sangrarem para não explodir como o seu temperamento orgulhoso e irritável lhe aconselhava. No entanto, compreendendo que em semelhantes circunstâncias o ridículo estaria do seu lado, começara já a dirigir-se para a porta da sala, quando, reconsiderando, voltou atrás.

Acabava de lhe passar uma nuvem pela testa, onde ficara, em vez do orgulho ferido, vestígios de uma vaga inquietação.

- Vejamos, meu caro Danglars: conhecemo-nos há muitos anos e portanto devemos ter alguma consideração um pelo outro. O senhor deve-me uma explicação, e o menos que posso desejar é saber a que infeliz acontecimento deve o meu filho a perda das suas boas intenções a seu respeito.

- Não é nada que se relacione pessoalmente com o visconde, é tudo o que lhe posso dizer, senhor - respondeu Danglars, que reassumia o seu ar impertinente à medida que via Morcerf amansar.

- Então relaciona-se pessoalmente com quem? - perguntou Morcerf com voz alterada, ao mesmo tempo que a testa se lhe cobria de palidez.

Danglars, a quem nenhum destes sintomas escapava, pousou nele um olhar mais firme do que de costume.

- Agradeça-me não me explicar mais - disse.

Uma tremura nervosa, proveniente sem dúvida de uma cólera contida agitava Morcerf:

- Tenho o direito... - começou, fazendo um violento esforço sobre si mesmo. - Tenciono exigir-lhe que se explique. Tem alguma coisa contra a Sr.ª de Morcerf? É a minha fortuna que é insuficiente? São as minhas opiniões, que, por serem contrárias às suas...

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pág. 752 (Capítulo 78)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 752

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069