O Conde de Monte Cristo - Cap. 78: Escrevem-nos de Janina Pág. 754 / 1080

- Chame Baptistin, quero falar com ele.

O próprio porteiro foi chamar o criado de quarto, com o qual regressou pouco depois.

- Meu amigo - disse Albert -, peço-lhe desculpa da minha indiscrição, mas queria perguntar-lhe pessoalmente: o seu amo saiu de facto?

- Saiu, sim, senhor - respondeu Baptistin.

- Mesmo para mim?

- Sei quanto o meu amo sente prazer em receber V. Ex.a, e de modo algum o incluiria numa medida geral.

- Ainda bem, porque preciso de lhe falar de um caso grave. Acha que se demorará?

- Não, porque pediu o pequeno-almoço para as dez horas.

- Bom, vou dar uma volta pelos Campos Elísios e às dez estarei aqui. Se o Sr. Conde regressar antes de mim, diga-lhe que lhe peço para me esperar.

- Não me esquecerei, senhor, pode estar certo.

Albert deixou à porta do conde o cabriolé de praça em que viera e foi passear a pé.

Ao passar diante da Alameda das Viúvas julgou reconhecer os cavalos do conde estacionados à porta da carreira de tiro de Gosset. Aproximou-se e, depois de reconhecer os cavalos, reconheceu o cocheiro.

- O Sr. Conde está na carreira de tiro? - perguntou Morcerf.

- Está, sim, senhor - respondeu o cocheiro.

Com efeito, vários tiros regulares tinham soado desde que Morcerf se encontrava nas imediações.

Entrou.

O servente encontrava-se no jardinzito.

- Desculpe, mas o Sr. Visconde poderia esperar um instante?

- Porquê, Philippe? - perguntou Albert, que, como frequentador habitual, estranhava aquele obstáculo, que não compreendia.

Porque a pessoa que se treina neste momento pratica sozinha e nunca atira diante de ninguém.

- Nem mesmo diante de si, Philippe?

- Como vê, senhor, estou à porta do meu cubículo.

- E quem lhe carrega as pistolas?

- O criado.

- Um núbio?

- Um grego.

- É isso.

- Conhece esse senhor?

- Venho procurá-lo, é meu amigo.

- Oh, então é outra coisa! Vou preveni-lo.

E Philippe, impelido pela sua própria curiosidade, entrou na barraca de madeira. Um segundo depois, Monte-Cristo apareceu no limiar.

- Desculpe persegui-lo até aqui, meu caro conde - disse Albert -, mas começo por lhe dizer que a culpa não é do seu pessoal e que sou o único indiscreto. Apresentei-me em sua casa; disseram-me que tinha saído, mas que regressaria às dez horas para tomar o pequeno-almoço. Resolvi vir passear, à espera das dez, e ao passar por aqui vi os seus cavalos e a sua carruagem.

- O que acaba de me dizer dá-me a esperança de que venha pedir-me o pequeno-almoço...

- Não, obrigado. Não se trata do pequeno-almoço, neste momento. Talvez tomemos o pequeno-almoço mais tarde, mas em má companhia, com a breca!





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069