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Capítulo 85: A viagem

Página 818

- Oh, não! O meu círculo é o das certezas. Para mim, o bom servidor é aquele sobre o qual tenho direito de vida ou de morte.

- E tem direito de vida ou de morte sobre Bertuccio? - perguntou Albert.

- Tenho - respondeu friamente o conde.

Há palavras que encerram um diálogo como uma porta de ferro. O tenho do conde era uma dessas palavras.

O resto da viagem decorreu com a mesma rapidez; os trinta e dois cavalos, divididos por oito mudas, percorreram as suas quarenta e oito léguas em oito horas.

Chegaram a meio da noite à porta de um belo parque. O porteiro estava de pé e tinha o portão aberto. Fora prevenido pelo cavalariço da última muda.

Eram duas e meia da manhã. Conduziram Morcerf ao seu quarto.

Encontrou um banho e uma ceia prontos. O criado que fizera a viagem no banco de trás da carruagem estava às suas ordens; Baptistin, que viajara no banco da frente, estava às do conde.

Albert tomou o seu banho, ceou e deitou-se. Durante toda a noite foi embalado pelo barulho melancólico das vagas. Quando se levantou foi direito à janela, abriu-a e encontrou-se num terraçozinho onde tinha diante de si o mar, isto é, a imensidão, e atrás de si um bonito parque, que dava para uma pequena floresta.

Numa enseada de certa grandeza balouçava uma corvetazinha de querena estreita e mastreação elegante, que arvorava na carangueja um pavilhão com as armas de Monte-Cristo, armas que representavam uma montanha de ouro num mar azul, com uma cruz de goles no chefe, o que tanto podia ser uma alusão ao seu nome, que lembrava o Calvário, do qual a paixão de Nosso Senhor fez uma montanha mais preciosa do que o ouro, e à cruz infame que o seu sangue divino santificou, como a qualquer recordação pessoal de sofrimento e regeneração sepultada na noite do passado misterioso daquele homem. À volta da goleta encontravam-se vários barquitos de pesca costeira pertencentes aos pescadores das aldeias vizinhas e que pareciam humildes súbditos à espera das ordens do seu rei.

Ali, como em todos os sítios onde Monte-Cristo se detinha, nem que fosse para passar apenas dois dias, a vida estava organizada pelo termómetro do mais alto conforto e por isso se tornava imediatamente fácil.

Albert encontrou na sua antecâmara duas espingardas e todos os utensílios necessários a um caçador; uma divisão mais alta, situada no rés-do-chão, estava reservada a todos os engenhosos apetrechos que os Ingleses, grandes pescadores, porque são pacientes e ociosos, ainda não conseguiram que fossem adoptados pelos rotineiros pescadores franceses.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 818

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069