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Capítulo 86: O julgamento

Página 826

- Chegou a noite - prosseguiu Beauchamp. - Toda a gente em Paris estava na expectativa do acontecimento.

Muitos pretendiam que o seu pai não teria mais do que aparecer para deitar por terra a acusação; muitos também diziam que o conde não se apresentaria, e havia quem afirmasse tê-lo visto partir para Bruxelas (alguns foram mesmo à Polícia perguntar se era verdade, como se dizia, que o conde pedira o seu passaporte)

»Confesso-lhe que fiz quanto pude - continuou Beauchamp - para conseguir que um dos membros da comissão, um jovem par meu amigo, me introduzisse numa espécie de tribuna. Veio buscar-me às sete horas e, antes da chegada de quem quer que fosse, recomendou-me a um contínuo que me fechou numa espécie de camarote. Estava oculto por uma coluna e mergulhado na escuridão mais completa, mas esperançado em ver e ouvir de ponta a ponta a terrível cena que se ia desenrolar.

»Às oito horas precisas não faltava ninguém.

»O Sr. de Morcerf entrou ao soar a última badalada das oito.

»Trazia na mão alguns papéis e parecia calmo. Contrariamente ao seu hábito, a sua atitude era simples e o seu traje esmerado e severo. E, conforme o hábito dos antigos militares, trazia a sobrecasaca abotoada de alto a baixo.

»A sua presença produziu o melhor efeito. A comissão estava longe de ser malevolente e muitos dos seus membros vieram ao encontro do conde e estenderam-lhe a mão.

Albert sentiu que o coração se lhe partia ao ouvir todos estes pormenores, e no entanto no meio da sua dor insinuava-se um sentimento de reconhecimento. Desejaria poder abraçar os homens que tinham dado ao pai aquela prova de estima num momento tão difícil para a sua honra.

- Nessa altura entrou um contínuo, que entregou uma carta ao presidente.

» - Tem a palavra, Sr. de Morcerf - disse o presidente, ao mesmo tempo que abria a carta.

»O conde começou a sua apologia, e afirmo-lhe, Albert - continuou Beauchamp -, que foi de uma eloquência e de uma habilidade extraordinárias. Apresentou documentos que provavam que o vizir de Janina o honrara até à sua última hora com toda a sua confiança, pois encarregara-o de uma negociação de vida ou de morte com o próprio imperador. Mostrou o anel, símbolo de comando, com que Ali-Paxá lacrava habitualmente as suas cartas e que ele lhe dera para que pudesse, no seu regresso, a qualquer hora do dia ou da noite, ainda que o vizir se encontrasse no seu harém, chegar até junto dele. Infelizmente, disse, a sua negociação malograra-se, e quando regressara para defender o seu benfeitor este já estava morto. Mas, disse o conde, ao morrer, Ali-Paxá, tão grande era a sua confiança nele, confiara-lhe a sua concubina favorita e a sua filha.

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pág. 826 (Capítulo 86)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 826

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069