Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 87: A provocação

Página 837

- Senhor - respondeu Danglars, pálido de cólera e medo -, previno-o de que quando tenho a pouca sorte de encontrar no meu caminho um cão raivoso, mato-o, e de que, longe de me considerar culpado, penso ter prestado um serviço à sociedade. Ora, se o senhor está raivoso e disposto a morder-me, previno-o de que o matarei sem piedade. Irra, tenho porventura culpa de o seu pai estar desonrado?!

- Tem, miserável! - gritou Morcerf. - A culpa é sua!

Danglars deu um passo atrás.

- A culpa é minha?... - murmurou. - O senhor está louco! Que sei eu dessa história grega? Alguma vez viajei por esses países? Fui eu que aconselhei o seu pai a vender os castelos de Janina, a trair...

- Silêncio! - disse Albert em voz abalada. - Não, não foi o senhor quem directamente promoveu o escândalo e ocasionou a desgraça, mas foi o senhor quem hipocritamente o provocou.

- Eu?!

- Sim, o senhor! Donde veio a revelação?

- Parece-me que o jornal já o disse: de Janina, com a breca!

- E quem escreveu para Janina?

- Para Janina?...

- Sim. Quem escreveu a pedir informações acerca do meu pai?

- Parece-me que qualquer pessoa pode escrever para Janina...

- Mas só uma escreveu.

- Só uma?

- Sim! E essa pessoa foi o senhor.

- Escrevi, de facto. Parece-me que quando casamos uma filha com um rapaz temos o direito de nos informar acerca da família desse rapaz. É não só um direito, mas também um dever.

- O senhor escreveu sabendo perfeitamente a resposta que receberia - replicou Albert

- Eu? Juro-lhe - protestou Danglars, com uma convicção e uma segurança que provinham talvez menos do seu medo do que do interesse que no fundo sentia pelo pobre rapaz -, juro-lhe que nunca me teria passado pela cabeça escrever para Janina. Porventura conhecia a catástrofe de Ali-Paxá?

- Então alguém o incitou a escrever?

- Claro.

- Incitaram-no?

- Sim.

- Quem?... Acabe... diga...

- Meu Deus, nada mais simples! Falava do passado do seu pai e dizia que a origem da sua fortuna sempre fora obscura. Perguntaram-me então onde enriquecera o seu pai. Respondi: «Na Grécia.» Então o meu interlocutor disse-me: «Pois bem, escreva para Janina.»

- E quem lhe deu esse conselho?

- Ora, ora, o conde de Monte-Cristo, seu amigo!

- O conde de Monte-Cristo disse-lhe que escrevesse para Janina?

- Disse e eu escrevi. Quer ver a minha correspondência? Posso mostrar-lha.

Albert e Beauchamp entreolharam-se.

- Senhor - disse então Beauchamp, que até ali estivera calado -, parece-me que acusa o conde, que está ausente de Paris e que se não pode justificar neste momento...

<< Página Anterior

pág. 837 (Capítulo 87)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 837

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069