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Capítulo 99: A lei

Página 930

A Sr.ª Danglars deitou-se sem a sombra de uma suspeita; mas, tranquila a respeito das pessoas, o seu espírito deteve-se nos acontecimentos.

À medida que as ideias se lhe esclareciam na cabeça, as proporções da cena do contrato aumentavam: já se não tratava de um escândalo, mas sim de uma indecência, nem de uma vergonha, mas sim de uma ignomínia.

Mal-grado seu, a baronesa lembrou-se então de que não tivera compaixão da pobre Mercédès, ferida recentemente, no marido e no filho, por uma desgraça também grande.

- Eugénie - disse para consigo - está perdida e nós também. O caso, tal como vai ser comentado, cobre-nos de opróbrio, porque numa sociedade como a nossa certos ridículos são chagas vivas, sangrentas, incuráveis. Ainda bem que Deus dotou Eugénie daquele temperamento estranho que tantas vezes me tem assustado! E o seu olhar reconhecido ergueu-se ao céu, cuja misteriosa providência dispõe tudo antecipadamente, conforme os acontecimentos se devem suceder, e de um defeito, de um vício mesmo, faz às vezes uma virtude.

Depois o seu pensamento transpôs o espaço, como fazem, abrindo as asas, as aves dos abismos, e deteve-se em Cavalcanti.

- O tal Andrea era um miserável, um ladrão, um assassino; e no entanto possuía maneiras que indicavam uma semieducação, senão uma educação completa. Ainda por cima, apresentou-se na sociedade aparentando possuir grande fortuna e com o apoio de nomes respeitáveis...

Como ver claro naquele dédalo? A quem se dirigir para sair daquela cruel situação?

Debray, para quem correra ao primeiro impulso da mulher que procura auxílio no homem que ama e que por vezes a perde, Debray só poderia dar-lhe um conselho. Era a alguém mais poderoso que devia recorrer.

A baronesa pensou então no Sr. de Villefort.

Fora o Sr. de Villefort que decidira prender Cavalcanti; fora o Sr. de Villefort que, sem compaixão, levara a desventura ao seio da sua família como se fosse uma família estranha.

Mas não; pensando melhor, o procurador régio não era um homem sem compaixão, era um magistrado escravo do seu dever, um amigo leal e firme que brutalmente, mas com mão segura, escalpelizara a corrupção. Não era um carrasco, era um cirurgião, e um cirurgião que quisera isolar aos olhos do mundo a honra dos Danglars da ignomínia daquele rapaz perdido que tinham apresentado à sociedade como seu futuro genro.

Uma vez que o Sr. de Villefort, amigo da família Danglars, procedia assim, já não havia motivo para supor que o procurador régio soubera de alguma coisa antecipadamente e se prestara a qualquer manejo de Andrea.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 930

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069