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Capítulo 105: O Cemitério do Père-lachaise

Página 974

- A culpa é dos seus criados - observou Monte-Cristo, esfregando o cotovelo. - Os seus soalhos brilham como espelhos...

- Feriu-se, senhor? - perguntou friamente Morrel.

- Não sei. Mas que fazia o senhor aqui? Escrevia?

- Eu?

- Tem os dedos sujos de tinta...

- É verdade, escrevia - respondeu Morrel. - Acontece-me, às vezes, por mais militar que seja.

Monte-Cristo deu alguns passos na sala. Maximilien viu-se obrigado a deixá-lo passar; mas seguiu-o.

- Escrevia? - repetiu Monte-Cristo, com um olhar que se impunha pela sua fixidez.

- Já tive a honra de lhe dizer que sim - respondeu Morrel.

O conde deitou um olhar à sua volta.

- Com as suas pistolas ao pé do tinteiro! - exclamou, indicando a Morrel as armas pousadas em cima da escrivaninha.

- Vou viajar - respondeu Maximilien.

- Meu amigo!... - disse Monte-Cristo, numa voz de uma doçura infinita.

- Senhor!

- Meu amigo, meu caro Maximilien, nada de soluções extremas, suplico-lhe!

- Eu, resoluções extremas? - redarguiu Morrel, encolhendo os ombros. - E em quê, peço-lhe que me diga, uma viagem é uma resolução extrema?

- Maximilien - disse Monte-Cristo -, tiremos cada um pela sua parte a máscara que usamos. Maximilien, com a sua calma forçada não me engana mais do que eu o engano com a minha frívola solicitude. Compreende perfeitamente, não é verdade, que para fazer o que fiz, para partir vidros e violar a intimidade do quarto de um amigo, compreende, repito, que para fazer tudo isto era necessário que tivesse uma preocupação real, ou antes uma convicção terrível. Morrel, o senhor quer-se matar!

- Onde arranjou essas ideias, Sr. Conde! - perguntou Morrel, estremecendo.

- Repito-lhe que se quer matar! - continuou o conde no mesmo tom de voz. - E aqui está a prova.

E aproximando-se da escrivaninha, levantou a folha de papel branco que o jovem colocara sobre uma carta começada e pegou na carta.

Morrel correu para ele para lha arrancar das mãos.

Mas Monte-Cristo, que previra esse gesto, impediu-o agarrando Maximilien pelo pulso e detendo-o como uma corrente de aço detém uma mola no meio da sua evolução.

- Bem vê que se queria matar, Morrel! Está aqui escrito! - exclamou o conde.

- E depois? - perguntou Morrel, passando sem transição de uma aparência calma a uma expressão violenta. - E depois? Se assim fosse, se decidisse virar contra mim o cano de uma dessas pistolas, quem mo impediria? Quem teria coragem de mo impedir?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 974

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069