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Capítulo 105: O Cemitério do Père-lachaise

Página 975
Quando disser. «Todas as minhas esperanças estão arruinadas, o meu coração desfeito, a minha vida morta, já só existe luto e nojo à minha volta, a terra transformou-se em cinza, toda a voz humana me dilacera»; quando disser: «é um acto de piedade deixar-me morrer, porque se não me deixar morrer perderei a razão, enlouquecerei»; vamos, senhor, quando disser isto, quando vir que o digo com as angústias e as lágrimas do meu coração, ainda me responderá: «Não tem razão»? Ainda me impedirá de não ser mais infeliz? Diga, senhor, diga: terá essa coragem?

- Sim, Morrel - respondeu Monte-Cristo numa voz cuja calma contrastava estranhamente com a exaltação do rapaz. - Sim, terei.

- O senhor?! - gritou Morrel com crescente expressão de cólera e censura. - O senhor, que me iludiu com uma esperança absurda; o senhor, que me deteve, embalou e adormeceu com vãs promessas, quando eu poderia, por meio de qualquer denúncia, de qualquer resolução extrema, salvá-la ou pelo menos vê-la morrer nos meus braços; o senhor, que finge possuir todos os recursos da inteligência, todos os poderes da matéria; o senhor, que desempenha, ou antes simula desempenhar o papel da Providência e que não teve sequer o poder de dar um contraveneno a uma rapariga envenenada! Na verdade, senhor, inspirar-me-ia compaixão se me não inspirasse horror!

- Morrel...

- Disse-me que tirasse a máscara; pois bem, faça-se a sua vontade, tiro-a Sim, quando me seguiu no cemitério ainda lhe respondi porque o meu coração é bom, e quando entrou deixei-o vir até aqui. Mas, uma vez que o senhor abusa; uma vez que me vem desafiar até neste quarto para onde me retirara como se fosse a minha sepultura; uma vez que me traz uma nova tortura (a mim, que julgava tê-las experimentado todas) conde de Monte-Cristo, meu pretenso benfeitor; conde de Monte-Cristo, o salvador universal, fique satisfeito, veja morrer o seu amigo! E Morrel, rindo como um louco, correu pela segunda vez para as pistolas.

Pálido como um espectro, mas com os olhos despedindo relâmpagos, Monte-Cristo estendeu a mão sobre as armas e gritou ao insensato:

- E eu repito-lhe que se não matará!

- Veja se mo impede! - replicou Morrel, num novo impulso, que, como o primeiro, se quebrou contra o braço de aço do conde.

- Sim, impedir-lho-ei!

- Mas quem é afinal o senhor para se arrogar esse direito tirânico sobre criaturas livres e pensantes?! – gritou Maximilien.

- Quem sou? - repetiu Monte-Cristo - Ouça, sou o único homem no mundo que tenho o direito de lhe dizer: «Morrel, não quero que o filho do teu pai morra hoje!»

E Monte-Cristo, majestoso, transfigurado, sublime, avançou de braços cruzados para o jovem palpitante, que, dominado, mal-grado seu, pela quase divindade daquele homem, recuou um passo.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 975

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069