A Queda de um Anjo - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 54 / 207

O Dr. Libório de Meireles: — Não velei as armas do raciocínio para me ir à liça da absurdeza. Melhores fadas me fadaram; e não me estou aqui sabatinando como em pleitos de bancos escolares. (Vozes: Muito bem.)

O orador: — Muito bem o quê?… Vai-me parecendo história isto, Sr. presidente!… Eu queria-me entender com o Sr. deputado, a fim de tirarmos algum proveito deste debate; mas S. Exa., pelos modos por me ver assim minguando de afeites poéticos, acoima-me de absurdidade, e despreza-me!… Valha-me Deus! Se o Sr. Dr. Libório me não lançasse da sua presença com tamanho desamor, havia de perguntar-lhe por que foram Atenas e Roma bem morigeradas quando pobres, e corrompidas quando ricas e luxuosas. Havia de perguntar-lhe que artes e ciências progrediram entre os Sibaritas e Lídios, povos que a mais elevado grau de luxo subiram. Havia de perguntar-lhe por que foi que os Persas acaudilhados por Ciro, cortados de vida áspera e privada do necessário, subjugaram as nações opulentas. Havia de perguntar-lhe por que foram os Persas, logo que se deram às delícias do luxo, vencidos pelos Lacedemónios.

A suprema verdade, Sr. presidente, a verdade que os arrebiques da retórica não sofismam, é que, à medida que os impérios antigos se locupletavam, o luxo ia de foz em fora, e os costumes a destragarem-se gradualmente, e o pulso da independência a quebrantar-se, e os cimentos das nações a estremecerem. Depois, era o cair do Egipto, da Pérsia, da Grécia e Roma.

Até aqui a história Sr. presidente; daqui em diante o Sr. Dr. Libório de Meireles, o moço poeta, que foi a França, e achou desmentidos Xenofonte e Trucídides, Lívio e Tácito, Plutarco e Flávio.





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