Ela empalideceu levemente, e fitou-me:
- Cabalero, perguntou, es usted pedante de retórica?
Eu ri-me, estendi-lhe a mão, e tudo acabou com um novo toast.
Mr. Cokney, que escutava a espanhola, tinha atendido às nossas palavras, tinha achado um som pitoresco e estranho naquele dizer - pedante de retórica, e exclamava para os outros ingleses, rindo:
- Oh yes, Pedant de Retoric, it’s very fantastic!
Entretanto, a noite caia. Eu senti-me pesado, recolhi à cabine, adormeci ligeiramente. Pelas nove horas subi à tolda. Fiquei surpreendido.
Não havia luar, nem estrelas, nem vento. Ao fim da tolda ardia o punch. Era enorme, a sua chama larga, azulada, fantástica, subia, palpitava, fazia sobre o navio toda a sorte de reflexos e de sombras. Dos lugares escuros saiam risadas de flirtations. Havia uma flauta, e uma rebeca. E já um ou outro par valsava em roda da claraboia da tolda.
A mastreação do navio, tocada em grandes linhas azuladas pela luz do punch, fazia lembrar um galeão de legenda, o paquete de Satan.
Algumas senhoras estavam vestidas de branco, e quando nos círculos da valsa passavam sob a zona da luz, e eram envolvidas numa claridade fosfórica, os vestidos brancos tomavam tons espetares, os cabelos louros luziam com um encanto morto, havia em tudo aquilo como uns longes de dança macabra…
Carmen estava possuída da mesma agitação da chama do punch, travava do braço a um, valsava com outro, escarnecia, tinha réplicas, batia o leque. D. Nicazio, esse ressonava perto da amurada. De vez em quando entornavam-lhe punch pela boca: ele abria uma frestado olho:
- Thank you, cabaleros! e adormecia.
- Onde está captain Ritmel? disse de repente Carmen. Tragam-no… Quero valsar com ele.