Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 3: CAPÍTULO II

Página 12

Com quanto estas coisas fossem ditas por F… com um ar de bondade risonha, o nosso interlocutor parecia irritar-se progressivamente ao ouvi-lo. Movia convulsivamente uma perna, firmando o cotovelo num joelho, pousando a barba nos dedos, fitando de perto o meu amigo. Depois, reclinando-se para traz e como se mudasse de resolução:

- No fim de contas, a verdade é que tem razão e talvez eu fizesse e dissesse o mesmo no seu lugar.

E, tendo meditado um momento, continuou:

- Que diriam porém os senhores se eu lhes provasse que esta mascara em que querem ver apenas um sintoma burlesco é em vez disso a confirmação da seriedade do caso que nos trouxe aqui?… Queiram imaginar por um momento um desses romances como há muitos: Uma senhora casada, por exemplo, cujo marido viaja há um ano. Esta senhora, conhecida na sociedade de Lisboa, está gravida. Que deliberação há de tomar?

Houve um silêncio.

Eu aproveitei a pequena pausa que se seguiu ao enunciado um tanto rude daquele problema e respondi:

- Enviar ao marido uma escritura de separação em regra. Depois, se é rica, ir com o amante para a América ou para a Suíça; se é pobre, comprar uma máquina de costura e trabalhar para fora numa água furtada. É o destino para as pobres e para as ricas. De resto, em toda a parte se morre depressa nessas condições, num cottage à beira do lago Genebra ou num quarto de oito tostões ao mês na rua dos Vinagres. Morre-se igualmente, de tisica ou de tédio, no esfalfamento do trabalho ou no enjoo do idílio.

- E o filho?

- O filho, desde que está fora da família e fora da lei, é um desgraçado cujo infortúnio provém em grande parte da sociedade que ainda não soube definir a responsabilidade do pai clandestino. Se os pais fazem como a legislação, e mandam buscar gente à estrada de Sintra para perguntar o que se há de fazer, o melhor para o filho é deita-lo à roda.

<< Página Anterior

pág. 12 (Capítulo 3)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 12

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240