Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 26: CAPÍTULO XIV

Página 144
Como o mar tu tiveste as tuas tormentas, as tuas calmarias ocultas, as tuas grutas, os teus monstros secretos, a tua elevação religiosa, a tua espuma imunda. Como sobre o mar, sobre o teu cérebro correram as doces ideias geniais e puras como velas de pescadores: as pesadas ambições modernas, rápidas e incisivas como rodas de paquetes; as brutais exigências do temperamento, estupidas e vitoriosas como monitores armados. Despedaçaste-te de encontro à fria reserva de um amor que se extingue, como ele se esmigalha contra a escura insensibilidade das rochas. Como ele tem o vento que é o seu tirano, tu tiveste a paixão. Vai, pobrezinha, repousar em paz, no fundo das algas verde-negras! Triste destino! Quem mais do que tu, sentiu, amou, estremeceu, corou, quis, venceu? Quantas lágrimas causaste! Quantas loucas palpitações! Quantos desejos para ti voaram como bandos de pombas! Quantas vozes perdidas te chamaram! Quanta fé fizeste renegar!

Quanta altivez fizeste sucumbir! E tanta vida, tanta ação, tanta vontade, um tão grande centro vital como tu foste, um grumete amarra-lhe duas balas aos pés e atira com ele ao mar! E aqui jaz o ruido do vento, e aqui jaz a espuma da onda!

De que te serviu o ser, o que fizeste ao sangue, à vontade, aos nervos, ao pensamento, que trouxeste do seio da matéria? Que ideia deixaste, que memória, que piedade? Que foste tu mais do que um corpo belo, desejado e fotografado? Fizeste parte, durante a vida, daquelas insensíveis belezas naturais, que o homem usa e arremessa. Foste como uma camélia, ou como a pena de um pavão. Foste um adorno, não foste um carater. Nunca tiveste um lugar definido na vida, como não terás um túmulo certo na morte! Adeus pois para sempre, oh doce efémera! o teu destino é a dispersão!

<< Página Anterior

pág. 144 (Capítulo 26)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 144

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240