- Estás a tremer! disse-me o amigo a quem eu dera o braço.
- Não é nada… um estremecimento nervoso.
- Empalideceste, tens os beiços brancos e as orelhas encarnadas…
- Foi uma vertigem. Dá-me isto às vezes.
- Aí tens! é o efeito das vigílias e do abuso do tabaco nas funções do coração.
- E debilidade resultante da fome, exclamei eu sorrindo e mal podendo conservar-me de pé. Adeus que vou jantar!
E entrei na primeira carruagem de praça que passou por nós, enquanto o meu companheiro acrescentava:
- Agora estás afogueado e vermelho como lacre: toma ferro e bromureto.
Quando cheguei a casa tinha febre, e via por fora do casaco o bater do coração.
Não tornei mais a encontra-la senão na noite da catástrofe.
O meu romance misterioso e absurdo acabou então, cedendo o seu lugar à tragedia em que entramos juntos.