Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 39: CAPÍTULO VI

Página 214

Ele então ajoelhou ao meu lado, e tomando-me as mãos, espreitando os meus olhos impassíveis, ficou esperando, numa contemplação amante e paciente, que eu quebrasse aquela imobilidade. Eu sentia todo o meu ser pender para ele, numa atração insensível; mas dominava-me. Até que por fim ele ergueu-se lentamente, arremessou o corpo para um sofá, e ali ficou, como refugiado, folheando um volume de Musset, que estava sobre a mesa…

Levantei-me, tirei-lhe arrebatadamente o livro das mãos:

- Sabe o que é? Não o compreendo, e é necessário que me diga, mas francamente, claramente, silaba por silaba, o que tem! Não me ama, é claro. Escusa de protestar. Vi-o logo pelo tom das primeiras cartas que me escreveu de Londres. E agora vejo-o pelo seu olhar, as suas menores palavras, o seu silêncio, até. há uma coisa qualquer, não sei qual, mas há. A verdade é que me abandona, que me não ama. É necessário que se explique. Isto não pode ser assim. Sofro. Se soubesse! chorei toda a noite…

E recomecei a chorar diante dele, com soluços que me quebravam. Ele tinha-me tomado as mãos e dizia-me baixo as coisas mais tocantes, em que havia as ternuras do amante e as consolações do amigo. Afastei-o de mim, e comprimindo o choro:

- Não, não, é necessário que me diga claramente tudo. Eu não sei o que te quero perguntar ou não me atrevo talvez… Mas tu sabes o que me deves responder… Diz-me a verdade…

Ele, cruzando os braços, respondeu-me, com uma extrema placidez:

- Mas, minha querida amiga, a verdade é que as ilusões do seu espirito são a nossa desgraça. Não é culpa sua, sei: é uma fatalidade do carater feminino. É-lhes insuportável a serenidade. Na vida pacífica procuram o romance, no romance procuram a dor. É necessário que esses pequeninos e graciosos crânios tenham sempre a honra de cobrir uma tempestade.

<< Página Anterior

pág. 214 (Capítulo 39)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 214

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240