É uma limitação da liberdade, é uma diminuição do carater; especializa, circunscreve o individuo é uma tirania natural, é o inimigo astuto do critério e do arbítrio. E queres que tenha esta base a tua situação na vida? E crês na estabilidade do amor, tu?… Sim, é possível, enquanto ele viver do imprevisto, do romance e do obstáculo; enquanto necessitar do
coupé de stores cerrados; mas logo que entre num estado regular, que se estabeleça definidamente para durar, que se organize, que se economize, extingue-se trivialmente; e quando quer conservar-se, tem a miséria de se assimilar às chamas pintadas de um inferno de teatro. E então, desde o momento que o amor desaparecesse, que razão de ser tinha a tua vida, e que justificação tinha que dar de si o teu incoerente destino? Ficavas sem uma situação definida: tudo te era vedado, ou pela força das leis sociais, ou pela altivez da tua honra. Recuar para as coisas legítimas, arrepender-te, era impossível: o arrependimento é um fato católico, não é um fato social. Continuar e persistir em viver pelo amor era um equívoco hipócrita, e poderias um dia encontrar-te a viver na libertinagem.
Imaginas hoje que o amor é a única tendência, a única preocupação da tua vida… Não: é apenas ideia dominante na tua natureza. há outras exigências, que hoje não sentes chamarem dentro de ti, porque têm sido plenamente satisfeitas no meio legitimo em que tens vivido; mas quando, mais tarde, estiveres retirada de tudo, fechada no amor como numa concha, sentirás então amargamente que te falta o quer que seja que é a sociedade, a opinião, o centro de amizades, o rang, as consolações incomparáveis que dá a estima dos que nos saúdam. E o não encontrar então no mundo o teu lugar, elegante, aveludado, agaloado,